DRAGÃO DE RECORDE
SÉRGIO CONCEIÇÃO “Os jogadores vão até ao limite”
mandamento do ‘futebolês’, segundo o qual ‘o que interessa é metê-la lá dentro’, é a imagem perfeita do que se passou ontem no Dragão. FC Porto e Rio Ave foram semelhantes em muitas coisas, acima de tudo dividiram de forma clara as despesas do jogo, mas, no fim, um pouco mais de pontaria dos dragões fez toda a diferença. Os três pontos foram bem entregues a quem foi mais eficaz em frente à baliza adversária, mas o Rio Ave jogou de igual para igual com o FC Porto e manteve o triunfo azul e branco em suspenso até ao último minuto. O que mais impressionou foi a forma desinibida e personalizada como os homens dos Arcos se apresentaram ao longo dos 90 mi- nutos, alheios à evolução do marcador e à recente mudança técnica. Órfão de José Gomes? Nada disso. O Rio Ave parecia, isso sim, um jovem emancipado, focado em mostrar que consegue fazer vida quando deixa de morar em casa dos pais pela primeira vez. Sem prejuízo do brilho forasteiro, o FC Porto foi também fiel à sua ideia de jogo, só não conseguiu o domínio claro que patenteia na maioria das jornadas da Liga NOS. O duelo tático, especialmente no meio-campo, foi duro – Herrera foi importantíssimo! –, mas no último terço do terreno a superioridade portista prevaleceu. Mais re- mates, mais ocasiões e, tudo espremido, mais golos.
Taco a taco
Os dragões até entraram bem e criaram perigo logo aos 3 minutos, com Buatu a cortar uma bola que Soares se preparava para encostar. Mas o bloco adiantado com que o Rio Ave se apresentou fez efeito. A saída de bola da equipa de Sérgio Conceição foi eficazmente condicionada, os níveis de agressividade dos vila-condenses eram altos... e Carlos Vinícius apareceu. Após uma recuperação causada pelo condicionamento à construção portista, o brasileiro surgiu na cara de Casillas para, ultrapassando-o, fazer o golo inaugural. Sem se deixar afetar, o FC Porto respondeu rapidamente com a igualdade concretizada por Brahimi. O golo surgiu com naturalidade, mas o incómodo provocado pelo adversário manteve-se. A chave da acutilância do Rio Ave estava em Gelson Dala, que entre Danilo Pereira e os centrais portistas escoava jogo sem perder muito tempo. O angolano teve de sair, aos 25’, mas o Rio Ave readaptou-se com João Schmidt mais adiantado. Um sinal de maturidade coletiva que Marega esbateu quando, aos 26 minutos, sem o sa-
ber, fechou o resultado.
Com a mudança de figurino no meio-campo, o Rio Ave ‘perdeu’ metros, mas ganhou jogo posicional, tanto que, nos últimos dez minutos da primeira parte, o FC Porto não saiu do seu meio campo e viu-se repetidamente obrigado a bater bolas na frente, sem efeito. Quando construiu de forma apoiada, Corona fez a bola raspar no poste da baliza de Léo Jardim. As ocasiões não eram muitas, mas caíam sobretudo para o lado portista.
Ameaça e... congelador
Após o intervalo, o extremo mexicano desviou, de novo, pouco ao lado, mas o jogo haveria de mudar. Partiu e muito por culpa de Gama. Coentrão ‘mascarou-se’ de Gelson Dala, começou a aparecer nas costas de Vinícius e o Rio Ave namorou o empate. Alex Telles, aos 60’, tirou o pão da boca a Tarantini a um metro da linha de golo. Sem controlo da partida, Conceição implementou o 4x3x3 com Óliver em campo e o cenário voltou a mudar. Até ao fim, o FC Porto fez mais dois bons remates e o Rio Ave um. Os vila-condenses bateram-se, mas os dragões agarraram os três pontos. Num equilíbrio de forças, foi o mais mordaz quem ditou leis. *