Record (Portugal)

“FERNANDO TEM PERFIL PARA UMA EQUIPA COMO O FC PORTO”

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Já se sabe que o Sérgio gosta de deixar temas relativos aos movimentos do mercado à porta do Olival, mas neste caso impõe-se saber se Fernando Andrade tem o perfil que se enquadra nas caracterís­ticas de jogador que o FC Porto necessita nesta altura...

SC – Os bons jogadores fazem parte desse lote que pode interessar ao FC Porto, mas também temos de olhar para aquilo que é a realidade financeira, para aquilo que é o FC Porto neste momento. Não podemos entrar em loucuras, acho que aquilo que está bem não é preciso mexer, mas poderá haver uma ou outra situação que poderá ser interessan­te em termos de alternativ­as, de soluções, temos de ajustar. O Fernando é um dos bons jogadores da Liga, um jogador interessan­te dentro daquilo que é um perfil que considero importante para uma equipa como o FC Porto.

É correto pensar-se que, no seu entender, o Caio Fernandes, do Al Ain, não teria perfil para jogar no FC Porto?

SC – Depende. Temos de dividir as coisas. Uma situação é dizer assim: treinador do FC Porto, qual é o seu objetivo no mercado de janeiro? Eu dizia-lhe o Ronaldo e o Messi, se tivéssemos esse poderio financeiro, mas não temos. Olhando à realidade do clube, há jogadores para entrar de caras na equipa, dentro daquilo que podemos gastar? Acho difícil. Então temos de ver o perfil de jogador que se encaixa na nossa equipa para ser uma alternativ­a, mas depois os treinos é que vão ditar se joga mais ou menos do que os outros que já cá estão, isso é diferente. Conheço o Caio, é tecnicamen­te forte, desequilib­ra com muita facilidade. Já vi alguns jogos dele, porque sou um apaixonado pelo futebol, mas não foram apenas jogos do Caio, foram jogos de variadíssi­mos países. Já que falamos do Caio, naquilo que é o seu trabalho para a equipa, quando não tem a bola, fica muito, muito difícil, e acabamos agora de dizer que não podemos dissociar a missão ofensiva da defensiva. Não podemos pensar que um jogador do FC Porto só joga quando tem bola, não é assim. Cada vez mais o jogo é feito de uma intensidad­e muito alta, de movimentos sem bola que são extremamen­te importante­s. Os jogadores têm de ter uma grande disponibil­idade, têm de ter essa mentalidad­e de que é preciso ter andamento, como se costuma dizer no futebolês. É preciso ter alguns requisitos para ser jogador do FC Porto, pelo menos na minha equipa, se calhar noutras equipas não é assim.

Asuaatençã­o ao futebol português fica demonstrad­a pelo facto de já naépoca passada ter identifica­do, por exemplo, o Carlos Vinícius como um jogador com elevado potencial. Isso é o exemplo do cuidado que tem mesmo com jogadores emergentes?

SC – Sim, vejo muitos jogos da 2ª Liga, do Campeonato de Portugal, foi um jogador que na época passada identifiqu­ei, jogava no Real Massamá, foi o melhor marcador da 2ª Liga numa equipa que passou praticamen­te todo o campeonato em último lugar. Chamou-me a atenção e na altura falei com o treinador da equipa B, o Folha, ele também acompanhou de perto esse jogador, mas entretanto teve uma proposta fantástica de Itália e foi para lá. Acompanho muito a 2ª Liga, acompanho o Fernando também há algum tempo, desde que ele estava no Penafiel e toda a evolução que teve, aquilo que representa hoje no futebol português e sinceramen­te acho que também é um jogador interessan­te, falámos aqui de dois ou três jogadores muito interessan­tes.

Tinha a curiosidad­e de saber se o Sérgio acha que o Nakajima seria um bom sucessor do Brahimi, por exemplo, dadas as caracterís­ticas do jogador?

SC – Os jogadores são todos diferentes, mas acho que os bons jogadores encaixam sempre bem. Foi curta a resposta, agora… [risos]

Quem já mora no Dragão desde o início da época e pegou de estaca na equipa foi o Éder Militão, um jogador que está supervalor­izado. Percebeu rapidament­e a dimensão do jovem central?

“OS JOGADORES TÊM DE TER UMA GRANDE DISPONIBIL­IDADE, TÊM DE TER ESSA MENTALIDAD­E DE QUE É PRECISO ANDAMENTO”

SC – Os jogadores que vieram para cá após a minha chegada foram sempre com o meu consentime­nto, falando com a administra­ção e com o presidente. Sabíamos que o Éder, pela sua juventude, pelo que estava a fazer no campeonato brasileiro, pela sua polivalênc­ia, era muito bom. Vi jogos dele a lateraldir­eito com um nível fantástico, vi jogos a central com um nível muito bom e também a médio-defensivo igualmente com grande nível. Poderia ser um bom reforço, mas não com esta pressa toda. Mas chegou e impôs-se, até pela necessidad­e da equipa, porque sentíamos que no eixo da defesa faltava um bocadinho de agressivid­ade, de experiênci­a. Atenção que o Diogo Leite deu uma boa resposta, mas em certos momentos sentimos que faltava ali alguma coisa. O Éder Militão deu uma resposta superposi- tiva no dia a dia e a partir daí começou a jogar. Há outros jogadores que vimos que têm grande potencial, mas que ainda não estão prontos. Podemos falar no João Pedro, um jogador que tem potencial em termos ofensivos, mas tem de melhorar algumas coisas no processo defensivo; o Mbemba veio depois de quatro ou cinco meses sem estar a jogar, lesionou-se no primeiro treino e depois esteve dois meses parado. Entretanto, o Éder Militão e o Felipe formaram uma dupla que é reconhecid­a por toda a gente como estando muitíssimo bem. O Bazoer foi aquilo que aconteceu e o Marius é um jovem que veio com todo o tempo do Mundo para se ir inserindo, para ir aprendendo entre a equipa B e a equipa principal, vimos potencial nele para daqui a algum tempo ser uma peça importante no FC Porto. *

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