A virtude da gula
Depois da derrota em Guimarães, o Sporting deu uma excelente resposta no jogo que fez na Feira e onde corria (sérios) riscos de ficar fora da competição. Ganhou, garantiu a qualificação para a final four da Allianz Cup e regressou às goleadas. Ou seja, a equipa de Keizer não perdeu o apetite pelo golo, antes recuperou-o imediata e avidamente.
É bom que se diga que apesar dos números – e até do desperdício que se observou a partir do 3-1 –, o jogo não foi sempre fácil para o Sporting. O próprio Keizer admitiu a importância de um ‘tackle’ de Mathieu na área que evitou um golo iminente do Feirense e eventualmente um ‘outro jogo’. Mas há algo que marca a diferença neste Sporting de Keizer em relação ao Sporting de Peseiro: uma enorme fome pelo golo, uma gula que não é pecado mas sim virtude. E isso tem a ver com muitas coisas e não exclusivamente com a competência de um ou outro treinador.
Por que se joga tão pouco tempo em Portugal, é a questão que um excelente trabalho, assinado nesta edição do Record pelo jornalista David Novo, coloca aos protagonistas do jogo e para a qual encontra algumas respostas. O tema vai merecer um debate entre os treinadores, muitos deles enfrentando o velho dilema entre a valorização do espetáculo e a proteção do seu posto de trabalho.