Respirem fundo
Os sinais de ódio estão em todo o lado. Seja em Portugal, onde um adepto do Benfica ficou desfigurado na sequência de um ataque cobarde numa autoestrada. Seja em Itália, onde o central do Nápoles, Koulibaly, teve de escutar insultos racistas vindos de supostos apoiantes do Inter. Casos diferentes alimentados pelo mesmo combustível da intolerância, cegueira e estupidez.
Condenar e mostrar repúdio é o mínimo que se pode fazer em cada um destes episódios. E essa atitude não pode ser apenas do clube ao qual pertence a pessoa afetada. Tem de vir de todos. Em uníssono. Com força. Para mostrar que o caminho não é, e nunca pode ser este. Que o futebol jamais deve con-
CONDENAR E MOSTRAR REPÚDIO É O MÍNIMO QUE SE PODE FAZER A CADA EPISÓDIO DESTES
tinuar a ser palco de tanto energúmeno. De tanta besta, perdoem-me a expressão.
Os italianos souberamdar esse exemplo através das manifestações de apoio a Koulibaly, vindas de todo o lado (começando por Cristiano Ronaldo), e da crítica intensa aos supostos adeptos do Inter. E o próprio clube disse que não se revia naqueles comportamentos. O mínimo indispensável, pensarão muitos. Verdade! Em Portugal, porém, nem isso tivemos após o autocarro de adeptos encarnados que foi emboscado e apedrejado, deixando um deles com prognóstico reservado.
Custariamuito aFC Porto e Sporting redigir um comunicado (ou um simples tweet), lamentando o sucedido? Seria isso uma demonstração de fraqueza? Uma humilhação perante os seus adeptos mais radicais que acham que “só se perdem as que caem no chão”? Claro que não. Seria, acima de tudo, o que tinha de ser feito. O tal mínimo indispensável. Mas no futebol português até os mínimos parecem demasiado.