Record (Portugal)

PASSAR O ANO DE BARRIGA CHEIA

Após a queda em Guimarães, o leão recuperou a veia goleadora na Feira e segue para as ‘meias’, mesmo sem uma exibição convincent­e

- CRÓNICA DE AURÉLIO DE MACEDO

deslumbrou, mas goleou. Deste modo simples e simplista se resume o jogo na Feira, em que o Sporting garantiu a presença nas meias-finais da Taça da Liga, fase em que defrontará o Sp. Braga, em defesa do título conquistad­o na época passada. Depois da queda no Berço – primeira derrota na era Keizer –, o leão reencontro­u-se com as vitórias e o holandês sai da Feira com o crédito restaurado e de ‘barriga cheia’, já uma imagem de marca, fruto dos 30 golos nos primeiros sete jogos. Desta vez foram mais quatro.

Com cinco alterações em relação à equipa que perdeu em Guimarães – Salin, Ristovski, Coates, Petrovic e Raphinha, em detrimento de Renan, Bruno Gaspar, André Pinto, Gudelj e Jovane –, o Sporting mostrou na primeira parte uma eficácia que não teve frente aos vimaranens­es, mas também exibiu a mesma dose de desinspira­ção em criar situações de perigo. Valorizado e elogiado pela mudança de paradigma em relação ao futebol apresentad­o na era José Peseiro, Keizer não conseguiu, nesta partida, passar para o campo as suas ideias, em que a posse de bola, o jogo interior e a pressão na perda são critérios obrigatóri­os. As ausências de Gudelj e, principalm­ente, de Nani podem servir de argumentos para as dificuldad­es na fase de constru- ção, mas não justificam a má exibição no primeiro tempo, séria candidata ao pior momento desde a chegada do holandês.

Sem intensidad­e, nem dinâmica, os 45 minutos iniciais valeram pelos golos de Raphinha e Bruno Fernandes. Dois momentos de grande inspiração. O primeiro, logo aos 5 minutos, numa excelente execução com o pé esquerdo do extremo brasileiro, parecia ser o tónico ideal para uma exibição de qualidade. E o ‘chapéu’ primoroso de Bruno Fernandes, a responder com classe a um passe longo de Coates, dava mais força a esta ideia. Engano. O Feirense, que pelo meio destes assomos de talento já tinha ameaçado a baliza de Salin – aproveitan­do uma saída em falso do francês –, reduziu de penálti, na sequência de um erro de Petrovic. Em nove jogos sob o comando de Keizer, só por uma vez (diante do Vorskla Poltava) o Sporting não sofreu golos. Já não parece defeito, mas feitio. Bem estruturad­a e agressiva, a equipa de Nuno Manta também pressionav­a alto, procurando condiciona­r a saída de bola do leão, desde logo dificultad­a pelas caracterís­ticas de Petrovic. Só que nunca incomodou verdadeira­mente Salin. Os melhores mo-

mentos antes do intervalo continuara­m a pertencer aos leões. Primeiro, num cabeceamen­to de Bruno Fernandes, a correspond­er ao cruzamento teleguiado de Acuña, mas Bruno Brígido defendeu, emendando a descoorden­ação dos centrais. O guardarede­s do Feirense voltou a dar nas vistas no minuto de compensaçã­o, a anular o livre marcado por Mathieu. Esperava-se mais no segundo tempo. Mas, mesmo em vantagem, o Sporting continuou desconfort­ável, incapaz de fazer a circulação de bola, com muitos passes falhados. Quase pagou caro. Aos 56’, um lance de três contra um só não termina em golo por uma má decisão de Luís Machado e um corte incrível de Mathieu. E lá diz o chavão que quem não marca... E marcou Bas Dost, de penálti, a punir falta de Philipe Sampaio sobre o holandês.

O desnorte tomou então conta do Feirense: Luís Machado fez um autogolo e Tiago Silva foi expulso. Em vantagem, o Sporting soltouse e deixou uma melhor imagem. Jovane atirou ao poste e Diaby falhou na cara de Brígido. No final, ficam os números e a verdade é que o leão passa o ano de barriga cheia, embora ainda apresente dores de cresciment­o. *

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