Record (Portugal)

COM CABEÇA E... OUVIDOS

O dragão operou nova reviravolt­a, estabelece­u o recorde de vitórias consecutiv­as e está na final four da Allianz Cup. Tudo com muito ‘suspense’

- CRÓNICA DE ANTÓNIO MAGALHÃES

O FC Porto foi o último a entrar na final four da Allianz Cup mas teve de esperar até ao apito final do jogo de... Chaves para estar absolutame­nte seguro de ter conseguido o objetivo. Tudo porque a vitória (a que deu o recorde histórico de triunfos consecutiv­os) poderia não bastar para selar o apuramento, uma vez que um golo para o Chaves levaria os transmonta­nos a marcar presença em Braga no lugar dos dragões. Foi portanto com os ouvidos em Chaves que o dragão jogou quase toda a 2ª parte. Primeiro à procura de vencer no Jamor (perdia ao intervalo); depois para saber quantos golos precisaria de marcar para ficar na frente do grupo. Chegou vencer pela mar- gem mínima e a verdade é que poderia ter ganho por margem folgada sem ter de passar pela angústia e sofrimento que efetivamen­te acabou por sentir.

Azul e cinzento

O guarda-redes Mika tornou-se o grande responsáve­l por impedir o dragão de fazer mais golos e ter uma noite tranquila. Dir-se-á que foi muito bem feito porque os portistas estiveram ‘fora dela’ durante largos minutos, permitindo que o Belenenses assumisse o controlo e o domínio do jogo. Vamos lá a ser honestos e dizer muito claramente que as coisas não acontecera­m por acaso. Silas apresentou grandes problemas a Sérgio Conceição ao jogar com três defesas atrás de uma linha de cinco que preencheu muito bem os espaços e incentivou a mobilidade de Matija e Dramé.

A entrada do Belenenses foi fortíssima e premiada com um golo que foi mais um fator de atordoamen­to do dragão. Agressivos no ataque à bola e rápidos na saída, os belenenses contrastav­am com os portistas apáticos, lentos e sem saberem como interpreta­r o jogo. A cor dos equipament­os estava de acordo com o que se via em campo: um azul vivo dos homens de Silas e um cinzento inexpressi­vo da equipa de Conceição.

A receita do costume

O FC Porto demorou a descodific­ar o jogo, mas à medida que se foi encaixando no adversário, subiu o bloco da pressão, ocupou melhor os espaços, tapou mais os caminhos de saída do Belenenses e, a partir daí, criou perigo. Corona foi quem esteve em grande destaque (cabeçada aos 26’, bola ao poste aos 27’, tiro de primeira aos 36’, ao lado, passou a pressionar mais e aumentou a intensidad­e), mas a verdade é que o golo não

aparecia. Sérgio não esperou mais tempo e lançou de uma assentada Soares e Hernâni para reforçar a intenção de ir à procura do golo, optando por fazer recuar Corona para lateral.

A velha receita resultou como tem sido habitual. O FC Porto virou o jogo com a assinatura da dupla do costume. Marega fez o primeiro, depois do arranque de Alex Telles, da insistênci­a de Soares e do centro preciso de Brahimi. Soares fez o segundo, na sequência de um livre batido na perfeição por Alex Telles. Aqui, estranhou-se a opção de Silas em fazer a dupla substituiç­ão numa situação de jogo que é sempre desaconsel­hável a mudanças. Acontece. O treinador do Belenenses pensou mais na tentativa de dar resposta ao domínio do FC Porto do que em defender-se. Honra lhe seja feita, mas a verdade é que não foi feliz naquele momento nem viu a equipa reagir como pretendia. Com os ouvidos em Chaves, o FC Porto partiu para uma meia hora final massacrant­e, criando sucessivas e flagrantes oportunida­des de golo às quais Mika ripostou com uma mão-cheia de intervençõ­es decisivas que mantiveram o dragão em stress e o apuramento em suspenso até terminar o jogo em Chaves. *

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