Conceição histórico
Hoje em dia o futebol é cada vez mais difícil. Jogar da forma como jogamos, com a tal densidade competitiva, acho que é de realçar.” O desabafo foi de Sérgio Conceição na entrevista que assinalou a sua distinção com o Record de Ouro. Para entendermos o alcance do seu raciocínio, basta verificar que Artur Jorge fixou o anterior recorde de vitórias consecutivas do FC Porto disputando, em 1984/85, 15 encontros em 112 dias (uma partida a cada 7,4 dias de média); já o atual técnico portista fixou o novo recorde alcançando 16 triunfos em apenas 72 dias (um jogo a cada 4,5 dias), podendo ter de encarar mais oito encontros em janeiro. Uma vertigem arrepiante que não admite hesitações ou tibiezas. Sérgio Conceição é assertivo, rigoroso, contagia todos os que o rodeiam e conquistou a pulso um lugar na história, não só do FC Porto, como do futebol português. Mesmo sem deixar de ser incómodo.
Amaioridade de Sérgio Conceição como treinador é um caso de estudo que tem de ser valorizado. Apenas para revelar uma história que não é conhecida publicamente, em novembro de 2016 esteve prestes a assumir o comando técnico do P. Ferreira quando Carlos Pinto chegou ao fim da linha. O acordo com os dirigentes dos castores, porém, salvaguardou a iminência de um clube estrangeiro o chamar. O Nantes apresentou argumentos irrecusáveis, Conceição foi apresentado em França a 8 de dezembro e, pouco dias volvidos, os pacenses promoviam o interino Vasco Seabra. Meio ano nos holofotes da Ligue 1 bastou para abrir as portas do Dragão, tendo encerrado a seca de títulos. Os méritos acumulam-se, mas a suposta elite que desfalece com os predicados táticos de Sarri ou Pochettino ainda despreza, mal, este FC Porto em versão 2.0 que não pára de crescer e... de ganhar.