Record (Portugal)

ATAQUE À ACADEMIA ABRE FERIDA PROFUNDA

- VÍTOR ALMEIDA GONÇALVES

Nada voltou a ser como dantes. Clube mergulhou no caos. Jogadores em lágrimas na final da Taça

Criminoso, terrorista, sem desculpa. Haverá um Sporting antes e um depois de 15 de maio de 2018.” O ataque à Academia tornou-se um acontecime­nto à escala global. O grupo de invasores, de cara tapada, a imagem de devastação no balneário, Bas Dost ferido na cabeça e o som apocalític­o dos alarmes são cicatrizes do dia mais negro da história recente do clube. “É um drama, estou vazio”, admitiu então o avançado holandês.

O mês começa com uma chuva de tochas da Juve Leo sobre a baliza de Rui Patrício, no dérbi com o

“FOI CHATO VER OS FAMILIARES DOS JOGADORES A LIGAREM PREOCUPADO­S”, DISSE BDC NA PRIMEIRA REAÇÃO A 15 DE MAIO

Benfica, e prossegue com a derrota na Madeira, frente ao Marítimo (21), que custa o acesso à Champions e radicaliza o ambiente.

Na véspera do ataque, Bruno de Carvalho mantém reuniões separadas com técnicos, médicos e jogadores. A Jorge Jesus, a quem sugeriu a saída, terá pedido que alterasse o treino das 10h para as 16 horas, no sentido de ter tempo para ultimar a nota de culpa do despedimen­to. No dia seguinte, marcado pela denúncia do caso Cashball, os relógios marcam 17h09 quando 50 hooligans entram na Academia sem oposição e vão diretos até à ala profission­al, onde consumam as agressões e saem passados 15 minutos. “Foi chato ver os familiares dos jogadores a ligarem preocupado­s”, haveria de dizer BdC. Com a equipa profundame­nte traumatiza­da, os leões perdem com o Aves na final da Taça (2-1) no Jamor e acabam lavados em lágri- mas. O caos instala-se no Sporting. Por causa do Cashball, são realizadas buscas na SAD; o team manager André Geraldes e mais três suspeitos são detidos para interrogat­ório. Nos órgãos sociais sucedem-se as demissões e o quórum na direção de Bruno de Carvalho fica preso por um elemento; Marta Soares, que não consegue convencer Bruno a resignar, após duas reuniões, anuncia uma AG de destituiçã­o. Em simultâneo, Frederico Varandas deixa o cargo de diretor clínico para se posicionar na corrida à presidênci­a. BdC procura a fuga em frente: faz Inácio voltar para o futebol, acena com reforços (Marcelo, Raphinha) e pede a Jesus que fique, sem sucesso.

O final de maio eleva a confusão: médicos e fisioterap­eutas abandonam em bloco; a transferên­cia de Rui Patrício para o Wolverhamp­ton cai devido a exigências de última hora; e Jaime Marta Soares nomeia uma Comissão de Fiscalizaç­ão. No desespero, ao arrepio dos estatutos, Bruno ‘demite’ Marta Soares e nomeia uma Comissão Transitóri­a da MAG. *

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VERGONHOSO. Invasores semearam o pânico
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