Record (Portugal)

PAULO SILAS

- TEXTOS ALEJANDRO PANFIL. BUENOS AIRES SILAS

O que recorda da passagem pelo Sporting, entre 1988 e 1990? PAULO SILAS – Eu lembro-me de tudo dessas duas épocas. Posso dizer que estou a tentar que o Rui Maside, que foi meu companheir­o de equipa no Sporting, venha trabalhar comigo para o Brasil. Ainda não consegui, mas a minha ideia é que no futuro ele venha ajudar-me outra vez. O Sporting foi a minha porta de entrada a Europa. Tinha apenas 22 anos quando fui para Portugal e guardo muito boas lembranças da equipa e dos meus companheir­os Carlos Xavier, Litos, Forbs, Paulinho Cascavel e Ro- dolfo Rodríguez.

À distância, qual o significad­o que atribui hoje aessa experiênci­a na sua vida?

PS – O Sporting deu-me muitas coisas, muitos amigos e, como já disse, um treinador adjunto, Rui Maside, com quem espero um dia voltar a trabalhar. Tenho um sentimento de gratidão muito grande pelo Sporting. E espero que no futuro nos possamos reencontra­r.

Como surgiu, há 30 anos, a oportunida­de de trocar o São Paulo pelo Sporting? PS – A verdade é que estava para ir para o Torino, tal como o Müller [antigo avançado do São Paulo, internacio­nal brasileiro], mas em conjunto com o nosso empresário achámos que era melhor entrar na Europa por um país que falasse a mesma língua e tivesse uma cultura similar à nossa. E também escolhemos o Sporting, naquela época, porque a equipa jogava a Taça UEFA e o Torino não. Para nós era muito importante poder jogar uma competição europeia. A nossa ideia era ir depois para Itália e foi isso que aconteceu.

Tinha jogado no Campeonato do Mundo de 1986, dois anos antes, mas quando chegou ao Sporting pensou que ainda tinha de dar provas do seu valor?

PS – A realidade era que ninguém nos conhecia na Europa. Sabiam do meu passado na seleção do Brasil e que tinha jogado no São Paulo, mas na Europa tudo muda, porque é outra vida, outro futebol e tudo depende da grandeza das equipas em determinad­o momento. E naquele momento o Sporting não era Paulo Silas de Prado Pereira tão grande na Europa como é hoje. Recordo-me que o Ajax foi a primeira equipa que eliminámos na Taça UEFA em 1988. O Ajax era como o Barcelona de agora.

E o Silas marcou um grande golo contra o Ajax…

PS – Sim, tive a sorte de fazer um golo muito lindo contra o Ajax, um chapéu ao guarda-redes [Stanley Menzo]. Isso chamou a atenção das equipas italianas e por isso é que fui para Itália depois de jogar no Sporting [Cesena e Sampdoria].

Considera que esse golo foi o mais importante da sua carreira? PS – Ainda hoje estou a colher os frutos disso. Depois de um golo daqueles, as pessoas mudam a forma de pensar. Inclusive, passaram a ter mais respeito por mim. Acho que esses dois jogos com o Ajax foram os meus momentos mais importante­s no Sporting.

O facto de o clube não ter conquistad­o o título nessas temporadas traduz umadiferen­ça de valor para Benfica e FC Porto?

PS – O Benfica e o FC Porto estavam acima de nós naquela altura e o Sporting tinha acabado de passar por um período eleitoral. Tudo isso leva algum tempo a consolidar. Quando chegou Carlos Queiroz [já em 1993/94], todo esse trabalho começou a dar resultados.

Em função do que observou por dentro e do que vê hoje de fora, por que será tão difícil ao Sporting vencer o campeonato? PS –É difícil explicar isso. O que eu sei é que o FC Porto e o Benfica são muito fortes e isso às vezes repre-

“FOI A MINHA PORTA DE ENTRADA NA EUROPA. TINHA APENAS 22 ANOS E GUARDO MUITO BOAS LEMBRANÇAS DA EQUIPA” “ESTAVA PARA IR PARA O TORINO, TAL COMO O MÜLLER, MAS ACHÁMOS MELHOR UM PAÍS QUE FALASSE A MESMA LÍNGUA” “TIVE A SORTE DE FAZER UM GOLO MUITO LINDO CONTRA O AJAX, DE CHAPÉU. AINDA HOJE ESTOU A COLHER OS FRUTOS DISSO”

senta uma dificuldad­e acrescida.

Continua a acompanhar o Sporting?

PS – Sim, procuro estar sempre muito atento. Aliás, eu estive na Europa no ano passado e visitei França e Inglaterra. Tinha previsto passar por Lisboa e pelo clube, mas com os problemas que houve, ao nível do presidente e dos jogadores, preferimos não aparecer nessas circunstân­cias.

A propósito, qual é sua opinião sobre o que aconteceu na Acade-

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