Record (Portugal)

“Jánão acredito naBolade Ouro daFIFA”

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O Mundial foi para a França. O que aconteceu ao Brasil?

PS – Penso que no Campeonato do Mundo o Brasil se devia ter fechado mais contra a Bélgica. Ficou muito exposto e foi eliminado.

E por que é que Neymar ainda não demonstrou todo o seu valor na seleção?

PS – Ele estava a recuperar de uma lesão, mas o mais importante para ele é a vertente emocional. Tecnicamen­te é um fenómeno e é um dos melhores jogadores do Mundo, mas tem de trabalhar muito a parte emocional.

Ainda pode ser o melhor jogador do Mundo?

PS – Acho que sim. Se ele se conseguir equilibrar emocionalm­ente e o Brasil corrigir os erros do último Mundial, Neymar ainda pode ser o melhor jogador do Mundo.

Ele perdeu uma grande oportunida­de para ganhar a Bola de Ouro?

PS –Já não acredito na Bola de Ouro da FIFA. Modric fez um grande Mundial, mas acho que tinha de ganhar um campeão, Griezmann ou Pogba.

A última vez que uma seleção sul-americana venceu um Mundial foi em 2002. Tem explicação? PS – Isso acontece porque os melhores jogadores estão na Europa e porque na América do Sul não há o mesmo nível de organizaçã­o. Isso é fundamenta­l, como também é a parte económica. Os europeus já não acham que é impossível ganhar um Mundial, como nós pensamos hoje em dia.

Também acontece o mesmo no Mundial de Clubes…

PS – Mas no Mundial de Clubes estão Real Madrid, Barcelona, Bayern Munique… São equipas que mudam muito poucos jogadores em dez anos.

Como vê a seleção portuguesa sem Cristiano Ronaldo?

PS – Eu acho que além de ter o melhor jogador do Mundo, Portugal dispõe de uma boa seleção para não depender só do Cristiano. Nós sofremos sempre muito com a questão do Neymar, porque a nos- sa seleção é uma com ele e outra sem ele. Portugal também sofria muito com a ausência do Cristiano, mas a nível de seleção não pode haver muita diferença entre um jogador e os seus companheir­os.

E como analisa o nível do campeonato português?

PS – É bom, mas para os clubes portuguese­s é muito difícil igualar o nível das equipas mais poderosas da Europa quando têm de jogar competiçõe­s como a Liga dos Campeões ou a Liga Europa.

No seu tempo, pensa que a formacomo jogava foiumanovi­dade para os europeus?

PS – Acho que sim, mas era o que eu fazia no São Paulo e na seleção brasileira. Os meus treinadore­s fizeram-me sempre sentir muito cómodo e as coisas proporcion­aram-se. No Sporting, tínhamos jogadores muito bons que eram parte da seleção portuguesa e isso trouxe qualidade à equipa.

Nessa altura havia mais espaço? O futebol era diferente?

PS – Eu acredito que sim, porque naquela época não era tão importante a parte defensiva. Procurava-se mais a baliza contrária. Hoje, com treinadore­s como Simeone e outros, trabalha-se muito a parte defensiva. Para mim, é a parte mais fácil de trabalhar, mas depois dá-se menos atenção ao jogo ofensivo. Ano após ano vemos menos jogadores que decidem os jogos. Os poucos que temos são muito caros e estão nas equipas mais poderosas. *

“TECNICAMEN­TE, NEYMAR É UM FENÓMENO E DOS MELHORES DO MUNDO MAS TEM DE TRABALHAR MUITO A PARTE EMOCIONAL”

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SELEÇÃO. Silas com Pelé num estágio do escrete

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