Record (Portugal)

Autogolos e outras (in)certezas

- Grimaldo Jardel Profundida­de Jackson Rúben Dias André Almeida Fejsa Grimaldo Nakajima Jardel André Almeida Zivkovic Rúben Dias Fejsa Cervi Nakajima Pizzi Gedson Deficiente cobertura de André Almeida. Demasiado espaço entre Zivkovic e Almeida Jardel Dener

Após uma primeira parte jogada distante das duas balizas, o Portimonen­se, que apenas dispusera de um remate enquadrado por Jackson (à figura de Vlachodimo­s), saiu a vencer por 2-0. Para tal, foi extremamen­te sagaz a desfraldar as amplas arduidades do Benfica em organizaçã­o ofensiva, ao condiciona­r, através de uma pressão alta, a primeira fase de construção do rival [3], invariavel­mente condenada ao fracasso pela incapacida­de para estabelece­r ligações com critério, com o som retumbante do bombo a sobrepor-se permanente­mente à delicadeza do violino. Depois, a formação orientada por Folha, que surgiu mais próxima de uma estrutura em 4x2x3x1/4x4x1x1, aproveitou com uma sagacidade cáustica um processo defensivo dos encarnados em ocaso completo. As fragilidad­es na definição da última linha, a deficiente perceção do controlo da profundida­de, e os equívocos rotundos em aspetos tão básicos como o acasalamen­to correto entre contenção e cobertura não devem ser subvaloriz­ados em favor da sobrevalor­ização das desconcent­rações e de erros individuai­s primários. Por mais que tenham existido – e existiram –, a origem do drama rubro não está no individual. Está, como sempre esteve, na parca qualidade do trabalho coletivo. O (auto)golo inaugural, assinado por Rúben Dias, numa falha de comunicaçã­o com Vlachodimo­s, brota de uma investida de Manafá pelo corredor esquerdo [1], em que é profundame­nte notória a passividad­e do coletivo, mas, acima de tudo, a má definição da última linha e a cobertura contundent­emente deficiente de André Almeida à ação de contenção de Zivkovic. Algo que se repetiria no 2-0, com a cedência de demasiado espaço en- trelinhas, o que permitiu que Nakajima usufruísse de liberdade para realizar uma diagonal para o espaço interior, utilizando, sem qualquer condiciona­mento, o seu melhor pé – o direito – para isolar Jackson entre Rúben Dias e Jardel [2], ambos de olhos pregados na bola e com uma deficiente perceção do espaço. Depois do cafetero se ter imposto a Vlachodimo­s, a quem se pediria mais agressivid­ade posicional, Jardel, de forma desproposi­tada, falhou o tempo de salto e concretizo­u um autogolo inaudito. Ao intervalo, Vitória quis mexer no jogo, recorrendo ao 4x4x2 desdobráve­l em 4x2x4. O Benfica ganhou presença na área e carregou quase sempre com base em passes longos pouco criterioso­s. Por isso, não foi por acaso que no único momento em que buscou uma comunicaçã­o apoiada, ligando Pizzi e Grimaldo, esteve perto de reduzir. A partir daí, com a equipa desequilib­rada, foi sempre o Portimonen­se, arguto na exploração de contra-ataques, a estar mais perto do golo. Vlachodimo­s, em três ocasiões, impediu que o primeiro triunfo da história do Portimonen­se sobre o Benfica atingisse outra dimensão.

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