Record (Portugal)

“ATÉ A KATINKA HOSSZÚ ME DEU OS PARABÉNS” ANA CATARINA MONTEIRO

A nadadora do Fluvial Vilaconden­se, de 25 anos, viveu época de sonho, com um 5.º lugar nos Europeus de Glasgow e um 6.º no Mundial da China, ambos nos 200 mariposa: as melhores classifica­ções lusas de sempre

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“HÁ UM ANO NÃO IMAGINAVA ATINGIR ESTES RESULTADOS. FOI FRUTO DE MUITO TRABALHO, QUERO CONTINUAR A EVOLUIR”

Obteve as melhores classifica­ções femininas de sempre da natação portuguesa emEuropeus de piscina longa e em Mundiais de piscina curta em 2018. Foi um ano de sonho? ANA CATARINA MONTEIRO – Sim, sem dúvida. Um ano de sonho e de concretiza­ção. Foi o resultado de tudo o que havia feito. Depois de muitos anos a ter ficado perto dos grandes resultados, parece que de repente tudo começou a sair. Foi o meu melhor ano desportivo mas espero que os próximos possam ser ainda melhores. Foi o seu ano de afirmação. Aque se deve isso?

ACM – Foi um conjunto de fatores, mas o principal terá sido a minha recuperaçã­o total à operação de 2016 ao ombro. Agora treino sem dores e isso faz toda a diferença. Vou mais longe nos treinos e depois nas competiçõe­s. E a parte psicológic­a também mudou com isso, porque aprendi a valorizar pequenas coisas que não valorizava, e assim ganhar uma confiança extra. Acho que a parte mental foi o que mudou mais, porque comecei a acreditar que podia chegar mais longe.

Houve algum aspeto técnico que treinou mais esta época e que fez a diferença? ACM – Comecei a treinar mais a parte técnica das viragens e das partidas. Ainda tenho muito que melhorar mas sinto que houve melhorias nesse aspeto. Tenho a noção de que estes pormenores fazem muita diferença numa final de um Europeu ou de um Mundial. Penso que tenho mais margem para trabalhar.

Ficou em 5.º lugar nos Europeus de Glasgow e em 6.º no Mundial da China. Há um ano pensava ser possível? ACM – Não! Há uns tempos imaginava-me só a participar num Mundial de piscina curta, não a aceder a uma final! A final do Europeu de longa já era algo que ambicionav­a e idealizava. Agora num Mundial de curta, longe de mim imaginar que iria chegar a uma final, até porque sou claramente uma nadadora de piscina de 50 metros. Foi mesmo inesperado. Foi um ano de quebrar barreiras, porque coisas que há um ano acha- va serem impossívei­s acabaram por ir acontecend­o.

O que sentiu naquele dia dos 200 mariposa na China?

ACM – Eu estive quase para não nadar, porque estive doente durante dois dias, sempre a vomitar e cheguei a ir ao hospital na véspera. Só decidi mesmo nadar após o aqueciment­o de manhã e perceber se estava em condições de o fazer. Só queria fazer boa figura. Mas depois vi o meu tempo nas eliminatór­ias, fiz 2.06 minutos e nem percebi que deu para a final. Só depois com o burburinho da bancada é que fiquei a saber. Demorei um bocado a acreditar! A minha surpresa foi tanta que até a Katinka Hosszú [campeã olímpica] dirigiu-se a mim e deu-me os parabéns. Foi um momento especial que guardei. Passar de um momento em que não sabia se iria nadar até um apuramento para a final do Mundial foi incrível. Isto fez com que fosse para a final da tarde superdesco­ntraída, não tinha nada a perder e só tinha de tentar arriscar. Parece que gosto cada vez mais de nadar finais, que a pressão desaparece e fica só uma motivação e confiança imensas. Ainda hoje não acredito bem no que acabei por fazer!

Se nadou essa final debilitada, é sinal de que ainda pode melhorar...

ACM – Sem dúvida, mas eu achava que era possível baixar para a casa dos 2.05. Mas olhando agora para trás, sinto que tenho ainda margem para chegar mais longe.

O facto de ter obtido resultados relevantes aumenta natural- mente a expectativ­a. Como lida com essa pressão? Faz algum trabalho mental nesse sentido? ACM – Há algum tempo que sou acompanhad­a pelo Dr. Jorge Silvério para trabalhar essa parte psicológic­a, que acho ser fundamenta­l. Aprendi a lidar com a pressão com o tempo. Claro que tenho expectativ­as altas mas são as minhas e as do meu treinador. Tento focar-me só nessas e não nos outros. Sei até onde quero chegar e vou trabalhar para isso.

Como foi lidar com as grandes estrelas mundiais nas provas internacio­nais?

ACM –Já há alguns anos que tenho estado nas grandes competiçõe­s e estar com as estrelas mundiais é uma grande motivação e é sinal que temos valor.

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