Record (Portugal)

SUICÍDIO COM DOIS TIROS

Mais uma exibição assustador­a das águias, que viveram noite de horrores em Portimão: dois autogolos na primeira parte e Jonas expulso

- CRÓNICA DE SÉRGIO KRITHINAS

Aconteceu em Portimão um acidente anunciado. O Benfica perdeu pela primeira vez em toda a história com o Portimonen­se, em mais uma exibição paupérrima da equipa encarnada. Para a história ficarão os dois autogolos que deram o triunfo ao Portimonen­se, marcados pelos centrais, mas isso está longe de ser a única explicação para a derrota dos encarnados, uma equipa completame­nte desligada, incapaz de fazer cinco passes seguidos no meiocampo contrário, sempre à espera do rasgo individual de alguém para resolver os problemas na frente. O Benfica já caiu para o terceiro lugar, pode hoje ficar em quarto e, mais importante, a sete pontos da liderança. O que dificil- mente não deixará de representa­r um adeus ao título, logo no primeiro jogo após a viragem do ano. Rui Vitória, como de costume, manteve o onze que lhe tinha dado a vitória sobre o Sp. Braga, naquela que foi, muito possivelme­nte, a melhor exibição da época. A partida na Vila das Aves, para a Allianz Cup, já tinha dado sinais de que a goleada sobre os minhotos não tinha sido a bomba anímica que se esperava para o resto da época; desta vez, os jogadores entraram em campo sabendo que o empate não servia – e nem por isso as coisas foram melhores. António Folha manteve o Portimonen­se fiel à sua ideia de jogo: muita velocidade nas transições ofensivas, procurando as costas da defesa encarnada, com Jackson Martínez a fazer muitas vezes de pivô para as entradas de Paulinho e Nakajima. O autogolo de Rúben Dias, logo aos 12’, após movimento precipitad­o, ajudou a definir o jogo. Na frente, apesar de ter muito mais bola, o Benfica era inofensivo, agarrando-se sempre à qualidade técnica de Zivkovic para tentar criar espaços pela direita. Mas tudo morria quase sempre da mesma forma: em cruzamento­s pífios para os centrais do Portimonen­se, ou em contra-ataque dos algarvios. A má exibição das águias virou péssima após novo erro defensivo, desta vez de principian­te, de Jardel. Na tentativa de cortar um chapéu de Jackson Martínez, o capitão dos encarnados saltou de forma disparatad­a, perdeu a noção do espaço e acabou por colocar a bola dentro da baliza. Ainda se jogava a primeira parte e as águias já tinham feito dois autogolos. Pior: tinham feito dois autogolos e não tinham criado nem uma única oportunida­de de golo na outra baliza.

Valeram as ‘manchas’

Rui Vitória mexeu na equipa como se previa: lançou Salvio e Sefero-

vic, tirou Gedson e Cervi e montou a equipa em 4x4x2. Jonas teve mais liberdade para baixar no terreno e Seferovic passou a ser o farol para o qual eram cruzadas bolas atrás de bolas, desta vez também com a ajuda dos laterais, muito ativos no apoio ao ataque. O problema de base mantinha-se: o Benfica jogava de forma desconexa e confiava sucessivam­ente em situações de um contra um para criar desequilí- brios, pois a equipa mantinha a incapacida­de para jogar próxima e apoiada. Salvio ainda passou pelo lateral um par de vezes, mas definiu mal.

Ao mesmo tempo que as pernas começavam a ficar curtas e que tanta gente só corria para a frente, Fejsa e Pizzi passaram a ter dificuldad­es para suster os contra-ataques contrários. Aí, foi Vlachodimo­s que impediu uma humilhação, confirmand­o que é especialis­ta em ‘manchas’.

Até final, o Benfica ainda perdeu Jonas pelo menos para o próximo jogo, devido à expulsão após entrada negligente sobre o guardarede­s Ricardo Ferreira. Rui Vitória ainda apostou em João Félix, colocando Salvio como falso lateraldir­eito. Talvez fosse Fé, talvez fosse ‘fezada’ – como era óbvio, não resultou. É que pau que nasce torto nunca se endireita. *

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