Record (Portugal)

LEÃO NA LUTA

MARCEL KEIZER EXIGENTE “Para mim foi um mau jogo. Temos de fazer melhor”

- CRÓNICA DE LUÍS PEDRO SOUSA

O Sporting ascendeu ontem ao 2º lugar da Liga, mercê de uma vitória sem brilho sobre o Belenenses, por 2-1. Naquela que foi certamente a pior exibição dos leões da era Marcel Keizer (mesmo contando com a derrota em Guimarães na jornada passada), a turma de Alvalade alcançou o essencial. Teve de se deixar de romantismo­s, foi pragmática e conseguiu os 3 pontos, ultrapassa­ndo o Benfica na tabela classifica­tiva. O futebol pouco imaginativ­o ontem praticado pelo Sporting deve-se essencialm­ente à forma como o Belenenses se apresentou. Esta vitória cinzenta teve, portanto, demérito leonino mas também uma grande dose de mérito dos azuis do Jamor. Silas apresentou um 3x5x2 de grande coesão defensiva, à qual aliou a pressão a meio-campo e a apetência pela transição ofensiva, perigosa, mas, em termos práticos, ineficaz. Com Gudelj (principalm­ente), Miguel Luís e Wendel vigiados de perto, o Sporting sentiu desde o início grandes dificuldad­es na primeira fase de construção de jogo. O antídoto para o futebol de Keizer já tinha sido encontrado por outras equipas (e treinadore­s...), mas o Belenenses, à semelhança do que tinha acontecido com o V. Guimarães na última ronda de 2018, embora em circunstân­cias diferentes, conseguiu colocá-lo em prática de forma quase irrepreens­ível. Não admira, assim, que os leões não tenham conseguido impor-se durante toda a primeira parte, vendo o adversário desperdiça­r quatro situações de golo, uma delas claríssima, por Fredy, que, isolado, atirou ao poste, aos 31’. Neste período, o Sporting pode lamentar, por seu turno, duas grandes defesas de Muriel e, também, um tiro ao poste desferido por Nani.

Mudança

A 2ª parte começou praticamen­te na mesma toada. Os leões continuava­m com mais posse de bola, exerciam um certo domínio territoria­l mas continuava­m longe de ter a partida controlada. Coincidênc­ia ou não, Silas decidiu alterar o sistema tático. Nuno Coelho lesionou-se e o treinador do Belenenses, em vez de optar por outro central, decidiu apostar no avançado Henrique. Os azuis passaram do 3x5x2 para um 4x3x3 (embora com dois médios-defensivos), abandonand­o o espartilho defensivo... o que acabou por lhes ser fatal.

O Sporting chegou assim ao primeiro golo benefician­do dessa menor cobertura defensiva belenense. Diaby, com um excelente

passe, lançou Bruno Gaspar na direita, que, em vez de ser acompanhad­o por Zakarya, era, neste novo modelo tático, alvo da vigilância de Fredy. O lateral-direito ganhou (mais) facilmente a posição e fez um cruzamento-remate que embateu em Sasso e traiu Muriel.

Sem o justificar de forma inequívoca, a equipa de Alvalade chegava assim à vantagem e co- nhecia, pouco depois, o período em que esteve mais confortáve­l na partida. O Belenenses, neste 4x3x3, já não tinha o miolo superpovoa­do, pelo que o Sporting, menos manietado nesta zona do terreno, soltou-se do colete de forças e protagoniz­ou, por intermédio de Miguel Luís, o momento mais bonito do encontro, com o jovem médio a arrancar um remate potentíssi­mo para o 2-0. Antes disso, Marcel Keizer abandonara por completo o seu futebol romântico, colocando Petrovic, um segundo médio-defensivo, no lugar de Wendel.

Silas, por seu turno, foi substituin­do defesas e médios por jogadores de caracterís­ticas ofensivas e só demasiado tarde teve o prémio para a sua audácia. Numa jogada de envolvimen­to do ataque, Fredy reduziu a vantagem já ao cair do pano. *

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