Record (Portugal)

Vieira escolhe o seu treinador

O PRESIDENTE DO BENFICA TEM UM LARGO CRÉDITO JUNTO DOS SÓCIOS, MAS QUANTO MAIS SE AFASTA O PERÍODO DAS TREVAS, MAIS É JULGADO APENAS E SÓ PELAS DECISÕES DE GESTÃO DESPORTIVA QUE FAZ

- Sérgio Krithinas Editor

Luís Filipe Vieira deu esta semana um passo rumo ao inevitável. Toda a novela do despedimen­to e respetiva marchaatrá­s de Rui Vitória na ressaca da goleada em Munique apenas fragilizou ainda mais a posição do treinador, quer aos olhos da equipa quer aos olhos dos adeptos. Nem sete vitórias consecutiv­as foram suficiente­s para mudar o final da história, porque o futebol apresentad­o (com exceção da goleada frente ao Sp. Braga) foi pobre e o deslize esteve sempre ao virar da esquina.

Agora, Vieira tem em mãos

uma decisão crucial. Não se trata apenas de escolher um treinador, trata-se de escolher um treinador que encha as medidas da maior parte dos adeptos e que esteja acima de qualquer discussão. A tentativa de chegar a José Mourinho enquadra-se nesse contexto – quem iria questionar a escolha do melhor técnico português de todos os tempos? É claro que era uma hipótese remota, como são os nomes de Paulo Fonseca (excelente a entrevista que hoje publicamos no Record Mais), Leonardo Jardim ou Marco Silva, porque o regresso a Portugal não faz sentido para quem ambiciona uma grande carreira internacio­nal. Mas a lógica faz sentido.

Mais do que o próximo trei

nador do Benfica, Vieira escolhe o seu treinador. O líder das águias beneficia de um apoio esmagador dos sócios, que lhe agradecem a obra feita e, aci- ma de tudo, o regresso aos títulos de forma consistent­e e regular. Mas, nesta altura, é precisamen­te isto, e só isto, que os adeptos agora exigem. O Benfica há muito que saiu das tre- vas e a ‘carta’ Vale e Azevedo, estádio ou centro de estágio já não têm o mesmo valor que tinham. Por isso, Vieira já é sobretudo julgado pelos resultados desportivo­s; ou melhor, pelas escolhas que faz na política desportiva. E, num clube de futebol, não há escolha mais importante do que a de um treinador.

Para já, tudo está nas mãos

de Bruno Lage, um perfil que é o oposto de José Mourinho. Mas como dizia um amigo esta semana, um treinador é sempre respeitado pelos jogadores se estes virem que aquilo que treinam acontece nos jogos. O que quer dizer que a quase total inexperiên­cia como líder de uma equipa sénior ou a ausência de ‘nome’ podem ter muito pouco peso naquilo que será o seu sucesso ou insucesso, seja para um jogo seja para o resto da temporada.

Uma nota final para o interesse do Sporting em Tiago

Ilori. Antes de chegar a sénior, era dos mais aliciantes projetos de central que havia em Portugal, com qualidades técnicas e físicas únicas. Uma série de más escolhas na carreira faz com que agora esteja num dos últimos classifica­dos do Championsh­ip, o segundo escalão em Inglaterra. Mas, regra geral, os 25 anos de um central são os 20 de um extremo. Por isso, se se confirmar o seu regresso a Portugal, ainda está muito a tempo de confirmar tudo aquilo que se esperava dele.

UM TÉCNICO CONQUISTA OS JOGADORES SE ESTES VIREM NOS JOGOS AQUILO QUE TREINAM

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