Record (Portugal)

“Mourinho quis levar-me para o Sporting”

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A saída de José Mourinhodo­Manchester­United deixou-o surpreendi­do? JM - Não estava à espera porque, conhecendo José Mourinho como o treinador que é, trata-se de uma perda para o Manchester United. E o momento da saída não beneficia o clube, porque faltam seis meses para terminar a competição.

Então estranha a decisão?

JM – Estranho, pelo facto de saber que o Manchester United não é, por norma, um clube que prescinda dos treinadore­s. Mourinho tem uma orientação definida, é muito determinad­o nos seus objetivos como treinador e do que pretende das equipas. Eu tenho a certeza que, com ele, não tem a ver só com a vontade de umas partes. Se ele entende que devia sair, talvez tenha sido isso que fez com que a ligação terminasse. Tenho pena, porque o Manchester United poderia ter beneficiad­o com a presença dele por muitos mais anos. Sempre que foram garantidas as condições que ele entende necessária­s, Mourinho teve sempre sucesso.

E destavez não foram?

JM - Ele só sai porque não foram criadas as condições para que continuass­e da forma que queria. No princípio foram-lhe dadas condições para ele criar sucesso, mas a partir do momento em que a direção não é a que ele pretende, afasta-se um pouco da possibilid­ade do sucesso que pode criar. Mourinho fez um trabalho notável e, com um pouco mais de cooperação e entendimen­to daquilo que são as necessidad­es que o treina- dor achava que era importante satisfazer, facilmente teria feito o Man. United campeão.

Afinal, onde nasceu a sua amizade com José Mourinho?

JM – Nós conhecemo-nos quando eu era treinador do Benfica B e ele foi treinar o Benfica. Chega o José Mourinho e eu vejo que ele é diferente de todos os que já tinham trabalhado no Benfica. Pensei: ‘Este treinador é fantástico. Este é o melhor treinador que eu já vi no Benfica, em Portugal e até no estrangeir­o’. Nasceu umarelação comespírit­o de entreajuda que ele próprio fomentou. Adorei isso. Quando ele saiu do Benfica, era suposto começar a trabalhar no Sporting no dia seguinte e quis levar-me. Perguntou-me: ‘Queres vir comigo? Tenho um lugar para ti como responsáve­l pela preparação física’. Acompanhá-lo era o que mais queria, mas eu era treinador do Benfica há dez anos – infantis, iniciados, juvenis, tudo menos um preparador físico de alto nível. Tenho competênci­a nessa área mas não a aprofundei, Por isso, mesmo querendo ir com ele, tive de ser honesto. E ele disseme: ‘És um gajo sério. Ainda vamos trabalhar juntos’. Passado uns anos telefonou-me e convidou-me para trabalhar com ele no Inter. Tenho a consciênci­a, e sou grato, de que as oportunida­des que vou tendo têm muito a ver com o facto de ter trabalhado com ele. Não tenho papas na língua e sou humilde para o admitir. *

“MAN. UNITED PODERIA TER BENEFICIAD­O COM A PRESENÇA DE MOURINHO POR MUITOS MAIS ANOS”

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