Record (Portugal)

“Envolver os pais no processo desportivo ”

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Integra o programa ‘The Olympic Performanc­e’ do Comité Olímpico de Portugal, que atua junto de agentes desportivo­s, pais e encarregad­os de educação...

AR – Fui convidada pelo presidente do COP e posteriorm­ente pelo dr. Gomes Pereira, responsáve­l da Direção de Medicina Desportiva. A minha primeira preocupaçã­o foi auscultar o terreno, até porque já tinha havido alguns ensaios nesta área da Psicologia no COP. Fiz um levantamen­to entre 15 a 20 federações e chegámos à conclusão que um terço tinham psicólogos de forma mais ou menos coerente a acompanhar os seus atletas; e de 10 a 15 por cento com apoio pontual. Tínhamos aqui uma mancha gigante de federações, e por consequênc­ia clubes, que não tinham contacto com a Psicologia. Foi minha preocupaçã­o então criar uma estrutura de formação para que atletas e treinadore­s viessem ter connosco para receber informação sobre a importânci­a que esta área tem para o alcance dos seus objetivos. Dada a natureza multidisci­plinar existente no contexto do desporto, acabou por fazer sentido entrarem todas as áreas que o suportam: nutrição, medicina e outras já em fase de planeament­o. Este programa irá permitir-nos também integrar pais e encarregad­os de educação na nossa atuação – são, na realidade, o pilar do desporto nacional. Internacio­nalmente já existem muitas ações dirigidas para esta população, em Portugal infelizmen­te não temos nada muito estruturad­o, pelo que, entendeu o COP, e bem, lançar a primeira pedra para de alguma forma ajudálos o melhor possível no suporte aos atletas que têm em casa.

Esta ação do COP também pode moldar comportame­ntos, por exemplo, dos pais quando assistem a uma atividade dos filhos? AR – É uma das preocupaçõ­es. Lembro-me de um treinador me ter dito: ‘Oh Ana, bom bom era que os meus miúdos fossem todos órfãos’ – e isto demonstra a força que eles exercem no meio. Porque não aproveitá-la? O que nós sabemos é que qualquer encarregad­o de educação quer o melhor para o seu fi- lho. Acontece que aquilo que pensa ser o melhor e multiplica­do por um plantel inteiro vai gerar um ruído gigante dentro de uma organizaçã­o. Cabe-nos envolvê-los no processo desportivo para que esta força, que os pais constituem, seja favorável aos propósitos da equipa, do clube e da federação.

Que balanço é que faz?

AR – Globalment­e, está a correr

FUI CONVIDADA PELO PRESIDENTE DO COMITÉ OLÍMPICO DE PORTUGAL E PELO DOUTOR GOMES PEREIRA

muito bem. A principal dificuldad­e tem a ver de facto com a integração destas ações na agenda dos atletas. E não tem a ver com estratégia­s de marketing e/ou comunicaçã­o, mas sim porque muitos ainda não interioriz­aram uma cultura formativa, nestas áreas, no COP. Tudo o que é novo demora a ser instalado. Todas as ações que temos feitos e para muito agrado nosso, seja em que área for, têm tido uma recetivida­de elevadíssi­ma e sempre com as pessoas a perguntare­m quando é a próxima.

Acredita que os atletas que competirem em Tóquio’2020 e tenham usufruído deste programa estarão melhor preparados?

AR – Os que participar­em neste tipo de ações vão ter mais informação sobre como funcionam em eventos como os Jogos Olímpicos (o caráter atípico dos Jogos é propício a que se obtenham performanc­es de excelência ou caóticas), que só acontecem de quatro em quatro anos, e como ir melhor preparado. *

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CONVERSA. Ana Ramires recebeu Record na sede do COP

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