UM CATACLISMO MUITO CINZENTO
Este documentário de oito episódios é bem diferente de outros, onde o grande objetivo é mostrar o brilho e destacar os grandes feitos de determinado clube. Em ‘Til I Die’ somos confrontados com um retrato desolador de um clube quase de província, integrado num cenário social de pobreza pós-industrial que chegou a incomodar alguns dos adeptos que assistiram à estreia oficial do documentário, ou não fosse a alcunha do clube ‘Gatos Pretos’.
“O magnetismo do documentário ‘All or Nothing: Manchester City’ está presente na mesma medida neste ‘Til I Die’. Também ficamos agarrados. Mas por motivos diferentes. Se num assistimos à forma brilhante como num cenário quase mágico, grandes estádios, grandes relvados e grandes conquistas, o City venceu tudo, neste não conseguimos desviar a atenção dos constantes falhanços de uma equipa cinzenta, integrada num ambiente cinzento e que acaba por fazer uma época... negra”, revela Craig Jones, do ‘The Independent’.
E é por causa deste fascínio mórbido pelo insucesso dos outros que a Netflix apostou as fichas todas neste projeto e agora celebra os excelentes números já registados: “Quisemos mostrar a forma como semana após semana e de forma bem calma, o triunfalismo da pré-temporada começou a tornar-se um cataclismo de desaires e insucessos.”
Todos estes estranhos ingredientes juntos funcionaram na perfeição e criaram um documentário que está a ser um sucesso. A prova de que uma tremenda sucessão de erros e maus resultados pode construir um produto televisivo de exceção. *
CRÍTICOS COMPARAM REGISTO COM DOCUMENTÁRIO “ALL OR NOTHING”, QUE INCIDE NOS GRANDES TRIUNFOS DO CITY