DRAGÃO VISITA ALVALADE COM VANTAGEM CONFORTÁVEL
FC Porto recolheu os pontos com o pragmatismo de quem não facilita um milímetro. Almofada de conforto antes de Alvalade encheu ainda mais
a grão, o dragão vai enchendo o papo da liderança. E ontem foram mais três os grãozinhos amealhados, o que, na sequência da derrota do Sporting em Tondela, sentenciada poucos minutos antes do arranque do jogo na Invicta, permite neste momento ao FC Porto como que ‘queimar’ duas jornadas no seu calendário. São seis os pontos de vantagem sobre o mais direto perseguidor, Sp. Braga, e oito de distância para os leões, a casa de quem os portistas se deslocam na próxima jornada. O contributo mais recente para este panorama foi dado ontem, no relvado do Dragão, onde a equipa garantiu a vitória com autoridade, não obstante os obstáculos reais levantados pelo Nacional. A equipa de Sérgio Conceição precisou de alguns minutos para se ambientar à atitude dos insulares, mas, de uma forma consistente e sobretudo pragmática, levou os tais grãos ao seu moinho.
Esticar até dar
No lançamento do jogo, com Conceição a apostar naturalmente em Mbemba para substituir Felipe (castigado), foi Costinha quem mais marcou a toada geral pela sua abordagem estratégica. Daniel Guimarães tinha acabado de negar a abertura do marcador, com a ponta do pé direito, a Marega, quando se começou a perceber que o ‘Ministro’ tinha regressado ao Dragão para jogar sem medo. O Nacional posicionou-se num bloco adiantado, sem receio algum de claudicar perante a apetência natural do FC Porto para explorar a profundidade. Na verdade, apesar de o jogo vertical dos campeões nacionais deixar a linha defensiva adversária de sobreaviso, o adiantamento dos insulares obrigou o FC Porto a dispersar-se. Equipa mais estendida, mais passe médio/longo, maior probabilidade de erro… Até aos 20 minutos, o Nacional criou duas ocasiões de perigo, primeiro num desvio infeliz de Danilo Pereira e depois num bom remate de Camacho que Casillas desviou. Mas aí os dragões começaram a apurar o antídoto. E este passou sobretudo pela maior envolvência de Brahimi no jogo interior, com Corona a brilhar junto à linha direita. O FC Porto continuava a variar jogo, procurava diferentes soluções, mas, agora pelo meio, o argelino começava a conter mais bola, mais jogo, dando enfim tempo para que a sua equipa se adiantasse de uma forma coesa. Na sequência, o próprio extremo surgiu no eixo a fazer o 1-0 e, de novo numa jogada em futebol apoiado – onde Corona literalmente bailou
perante Nuno Campos -, Soares faria o segundo, poucos minutos depois. Contudo, o Nacional não estava pronto para ceder. Não tão cedo. E, no aproveitamento de um ressalto, Róchez diminuiu para a margem mínima com que o jogo haveria de ir para intervalo.
Sentença e gestão adulta
Em virtude da prolongada assistência médica a Rosic – Costinha foi obrigado a realizar as duas primeiras substituições devido a problemas físicos –, a segunda parte demorou a engrenar. E foi assim, quase ‘a frio’, que Brahimi aproveitou uma recuperação de bola adiantada para fazer o resultado, na imagem perfeita do tal pragmatismo da exibição coletiva. Até ao apito final, o Nacional ainda teria uma ocasião para marcar, através de um remate em arco de Camacho, mas foram os dragões que colecionaram mais jogadas de perigo, sobretudo por Marega e pelo estreante Fernando Andrade. Tudo pesado, percebe-se bem por que é que o Nacional é a equipa com mais golos marcados na condição de visitante (14) no campeonato e está numa posição confortável, como se percebe que o FC Porto não facilita, e possivelmente não facilitará, um milímetro que seja na luta pelo título. *