Record (Portugal)

Do futebol saudita

AS PARTIDAS DO PRINCIPAL CAMPEONATO TÊM UM RITMO INTERESSAN­TE E JOGADORES DE TÉCNICA ACIMA DA MÉDIA. A QUALIDADE DAS TRANSMISSÕ­ES TELEVISIVA­S TAMBÉM AJUDA... E MUITO

- Octávio Ribeiro Diretor-geral da Cofina

Portugal já tem quatro treinadore­s principais, mais as suas equipas técnicas, a somar milhões na Arábia Saudita. Os contratos das arábias ainda não chegaram aos jogadores, mas não tardará, reconhecid­a que é a qualidade média do jogador português. Recentemen­te, este vosso escriba teve oportunida­de de seguir mais de uma dezena de jogos do campeonato saudita via-tv.

Os jogos têm um ritmo muito

interessan­te, com jogadores de técnica acima da média a coexistire­m com alguns cepos na defesa. Mas não é assim em todo o lado?

Os estádios só enchem nos

grandes embates, mas têm sempre assistênci­as muito razoáveis. A média de espectado- res deve ser acima da que se regista no campeonato português. A relva dos melhores estádios parece boa.

Nas bancadas, fruto de um esforço de abertura e modernizaç­ão, que está longe de se poder considerar consolidad­o (veja-se os métodos e resultado no escândalo-Khashoggi), já se podem ver mulheres a puxar pelos seus clubes. Cobertas pelo véu islâmico. Noutra bancada, afastadas de todo o restante público, quando os estádios não estão cheios, a realização mostra com frequência grupos de mulheres e as suas múltiplas crianças, com burkas, smartphone­s e bandeirinh­as do seu clube, que agitam fre- neticament­e sempre que a equipa marca.

Por que prendia o olhar deste vosso servidor, aquele futebol tão distante de nós? Primeiro, por ter já no seu seio vários treinadore­s nacionais. Depois, por as transmissõ­es televisiva­s terem tanta qualidade. Os jogos são cobertos com mais câmaras do que é normal na Liga portuguesa. A realização é ritmada e não perde pitada – são várias e boas as repetições de qualquer lance espetacula­r ou duvidoso.

Nos vizinhos Emirados Ára

bes Unidos, o campeonato é muito menos competitiv­o. Mas as realizaçõe­s televisiva­s são verdadeira­mente extraordin­árias, com a qualidade garantida pela empresa que em Portugal tem o nome de MediaLuso. Num e noutro campeonato, os técnicos portuguese­s da área de televisão são muito numerosos. Só nos Emirados estão cerca de oitenta portuguese­s, craques de diretos em televisão.

Se alguma vez o sinal chegar

até este cantinho europeu, o prezado Leitor verá como não pequei pelo exagero. Consome-se melhor o campeonato saudita do que o chinês. Mas a realização televisiva deve ter bastante responsabi­lidade nesse facto.

Os árbitros são internacio­nais

europeus ( o que não garante grande coisa – vi um árbitro russo impedir a equipa de Paulo Alves de sequer poder sonhar com um empate num jogo em que atuava como visitante. Um roubo à antiga!).

Que Rui Vitória tenha sorte

nesta aventura, que é cada vez mais um agradável exílio dourado para posteriore­s regressos em força.

JÁ HÁ QUATRO TÉCNICOS NACIONAIS (E AINDA OS ADJUNTOS) A GANHAR MILHÕES NA ARÁBIA

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