ÚLTIMO FÔLEGO PARA AGARRAR DRAGÃO LANÇADO
Sporting terá hoje uma derradeira oportunidade para se manter na luta pelo título de campeão
Pode até parecer exagero o caráter definitivo que se está a dar a este clássico no que às aspirações leoninas diz respeito, mas a verdade é que os números não deixam margem para interpretações: o Sporting de Keizer enfrentará o seu teste mais difícil e, em caso de vitória, recoloca-se na corrida pelo título, a 5 pontos da liderança. No entanto, se for o FC Porto a sair de Alvalade com os 3 pontos, a situação dos leões ficará (irreversivelmente?) comprometida: os leões ficarão a 11 pontos dos dragões, uma distância vertiginosa, apesar de estarmos a meio da Liga Na ressaca de uma inesperada derrota em Tondela – a qual dei-
PARA EVITAR QUE UM CENÁRIO DE CRISE SE VOLTE A INSTALAR EM ALVALADE, O LEÃO TERÁ DE SAIR POR CIMA NO CLÁSSICO
xou a nu mais algumas debilidades defensivas – o Sporting entra em campo pressionado pela imperial necessidade de vencer, mas também pela obrigatoriedade de não deixar que este ‘cenário de crise’ se volte a instalar em Alvalade.
Inversão em estudo
Nesse sentido, e além da obrigatória alteração no lado esquerdo da defesa (o castigado Acuña cede o lugar a Jefferson) é possível que Marcel Keizer promova mais algumas alterações, desta feita a nível tático. A inversão do triângulo intermédio, com o recurso a duplo pivot, foi trabalhada ao longo da última semana e poderá mesmo ser colocada em campo no clássico. A mensagem que o técnico holandês pretenderá passar ao grupo não é a de uma ideia mais defensiva do que tem sido habitual, mas sim a de uma equipa mais consciente dos tempos de jogo e, acima de tudo, mais equilibrada nas compensações a meio-campo. No ataque, o regresso de Raphinha em detrimento de Diaby merece nota de destaque. Será que ainda teremos Sporting até maio? O orgulho do leão está hoje em jogo. *
Para acabar de vez com a maldição de Alvalade só há uma via: assumir a aposta clara no triunfo
Há mais de uma década que o FC Porto não ganha em Alvalade e, desta vez, o triunfo tem um peso inusitado: somar os três pontos significa ferir o leão de morte, deixando-o a uma distância irrecuperável, bem como completar a série de 19 vitórias consecutivas que confere aos portistas um recorde nacional que retira o Benfica e Jorge Jesus desse Guinness do futebol português.
Para acabar com a maldição de vez só há uma via: assumir claramente que o objetivo é ganhar. A vantagem pontual permite ser corajoso, tomar o destino nas suas mãos e procurar um golpe que deixará, sem dúvida, toda a con-
SUPERIORIDADE NOS CLÁSSICOS FOI DECISIVA PARA O TÍTULO E A DERROTA DA LUZ SERVIU DE ALERTA PARA A AMBIÇÃO
corrência em sentido. Nas duas visitas ao Sporting com Sérgio Conceição ao leme, houve sempre a tentação de voltar ao 4x3x3, o que resultou num empate e numa derrota para a Taça de Portugal.
O FC Porto que inspira temor nos adversários não é o que envereda pelo calculismo, mas o que se mostra agressivo, pressionante e sedento de alvejar a baliza adversária. Com Otávio lesionado, não há melhor solução do que manter o 4x4x2 com Corona e Brahimi a investir pelos flancos e Marega mais solto para semear o terror perto da área, condicionando de imediato quaisquer planos de Keizer no sentido de poder crescer para cima dos azuis e brancos. Por outro lado, foi o próprio Sérgio Conceição a identificar como decisiva no seu título a superioridade demonstrada sobre os rivais nos clássicos. Após a derrota na Luz, onde uma vez mais o 4x3x3 que nem foi carne nem peixe conduziu a uma exibição cinzenta, é de esperar que a autoridade do campeão seja reposta. Após tantas fasquias superadas, trata-se de uma medalha que ficará bem no peito de Conceição. *