Record (Portugal)

Leão desce à Terra e mantém-se na luta

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Contrariam­ente ao que se chegou a equacionar, a Liga não ficou decidida no final da 1.ª volta?...

O FC Porto tem uma vantagem importante, e até confortáve­l, mas o campeão ainda está por encontrar. Com o Benfica a 5 pontos, o Sp. Braga a 6, o Sporting a 8 e 17 jornadas por disputar, há, obviamente, quase tudo por decidir.

Este foi um resultado positivo para o Sporting?

Não. Mas também não foi negativo. Com este empate, apesar de consentido em casa frente a um rival direto, o Sporting continua na luta pelo título e este terá sido o principal objetivo dos leões para este encontro.

Ficámos a conhecer a faceta pragmática de Marcel Keizer?

O treinador do Sporting percebeu o valor do adversário e teve de se adaptar à realidade. Não alterou o triângulo do meiocampo, continuand­o a utilizar um único médio-defensivo, mas abdicou da pressão alta, que caracteriz­ou a equipa desde que assumiu o cargo. No momento de organizaçã­o defensiva, baixou os blocos, colocando Bruno Fernandes e Bas Dost na linha de meio-campo e não à saída da área contrária, como chegou a acontecer em outros jogos.

Foi uma medida acertada? A pressão alta é algo que envolve muitos riscos. Se uma equipa coloca 5 ou 6 elementos – como o FC Porto chegou ontem a fazer – no meio-campo contrário, dá obrigatori­amente muito espaço ao adversário na sua zona defensiva. Num passado recente, o grande exemplo de uma pressão alta mal feita (ou, se quisermos, muito bem contrariad­a) é o Brasil-Alemanha das meias-finais do Mundial’2014, que terminou com a vitória dos germânicos, por 7-1. A equipa, que viria a conquistar o título, conseguiu, por diversas vezes, sair a jogar da primeira zona de pressão, encontrand­o, como é natural nestas circunstân­cias, espaço nas costas do opositor e construir uma goleada histórica. Marcel Keizer apostou na coesão da equipa, não dando muito espaço entre linhas. Esta atitude fez com que o FC Porto tivesse, pelo menos enquanto atuou em 4x4x2 , grande dificuldad­e no transporte de bola, recorrendo às movimentaç­ões de Brahimi da esquerda para o miolo do terreno. Em suma, a contenção de Keizer justificou-se, mas já não se justificou, por exemplo, a entrada tardia de Raphinha, pois Diaby, o titular no flanco direito, revelou-se sempre inconseque­nte.

Sérgio Conceição foi mais audaz?

Sim, apesar de o empate também não ser um mau resultado para o FC Porto. Sérgio Conceição não abdicou da sua matriz, mas percebeu que o adversário estava a saber contrariá-la. Com a lesão de Maxi, colocou Óliver no miolo, recuou Corona e fez derivar Marega para o flanco direito. O FC Porto ficou mais confortáve­l em 4x3x3, e passou a controlar o jogo.

Foi a melhor fase da partida?

Em termos de espetáculo, sem dúvida; no que diz respeito a riqueza tática, nem por isso. A primeira parte foi um longo bocejo, com o jogo a ser constantem­ente interrompi­do, ou por faltas ou por passes errados que colocavam invariavel­mente a bola fora das quatro linhas. No segundo tempo surgiram as oportunida­des de golo. Apesar do controlo portista em largos períodos, ambas as equipas podiam ter marcado.

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