Record (Portugal)

Rui Vitória deve estar destroçado

- Alexandre Pais Ex-Diretor Record

DEVEMOS A DUARTE GOMES A DIVULGAÇÃO DO VÍDEO DOS PAPÁS-ENERGÚMENO­S NO MANCHESTER UNITED, SÃO SEIS VITÓRIAS EM SEIS JOGOS SEM MOURINHO. NO BENFICA, SÃO DUAS EM DOIS SEM RUI VITÓRIA. VEREMOS SE POR CÁ SE PASSOU O MESMO QUE SE PASSOU POR LÁ

Sexto triunfo em seis jogos do Manchester United na era pós-Mourinho. Ontem, o Tottenham caiu, em Wembley (0-1), com o golo a nascer de um passe longo mas preciso de Pogba para isolar Rashford, que meteu a mota e rematou para bater Lloris. A campanha 100 por cento vitoriosa de Solskjær – que constituir­ia uma espécie de ‘segunda morte’ de Mourinho, não fosse ele quem é – diz bem do poder de que dispõem os jogadores para fazerem cair um treinador que por qualquer motivo os incomoda. Bruno Lage ainda soma apenas dois êxitos em duas partidas, mas estamos cá para saber se, no Benfica, Rui Vitória não terá sido alvo de uma conspiraçã­o semelhante. Aguardemos.

Agora por Rui Vitória. Os seus detratores sentem-se, enfim, realizados ao verem o técnico pelas ruas da amargura: diz-se que em ano e meio, na Arábia Saudita, irá ganhar qualquer coisa como 9 milhões de euros. Deve estar destroçado, coitado. Numa entrevista à TVI e perante a insistênci­a de Pedro Pinto, que tentava – como lhe competia mas sem sucesso – confirmar os valores milionário­s do novo salário do treinador, só a habitual elegância de Rui Vitória o terá impedido de responder na mesma moeda: “Antes, diga-me você quanto ganha aqui na TVI...”

No sábado, no clássico de Al

valade, o meu coração estava no banco, onde outro coração devia bater mais forte – o de Pepe. Pelo seu regresso ao FC Porto, segurament­e, mas juraria que também pela nostalgia de voltar ao estádio de um clube em que se treinou à experiênci­a (!), no verão de 2002, aos 19 anos, para em duas semanas ser devolvido ao Marítimo. Sem que no Sporting percebesse­m que desprezava­m um diamante por lapidar, um defesa sublime que viria a jogar uma década no Real Madrid, a representa­r a Seleção em mais de 100 ocasiões, a conquistar duas dezenas de títulos e a ser reconhecid­o como um dos melhores centrais do Mundo. Alguém, por Alvalade, ficará com as orelhas a arder só por se chamar à memória os efeitos dramáticos desse tiro no porta-aviões...

Devemos a Duarte Gomes a di

vulgação daquele vídeo terrível e preocupant­e que nos mostra uns papás-energúmeno­s a agredirem-se na bancada – num Real (Massamá)-Despertar (Beja), um jogo de iniciados! Os obtusos deram aos filhos, deles e de outros, um desgraçado exemplo de como a barbárie pode derrotar a cidadania e confirmara­m que se nas novas gerações escasseiam valores é porque as mais velhas só lhes transmitem o que não devem.

O derradeiro parágrafo vai

para o ténis, mais propriamen­te para o Open da Austrália, que hoje começou mergulhado em incertezas... Conseguirá Roger Federer, aos 37 anos, revalidar o título de 2018? Terão Rafa Nadal e Stan Wawrinka ultrapassa­do as limitações físicas que ameaçam as suas carreiras? Continuará Novak Djokovic na forma superlativ­a com que terminou a época anterior? Será mesmo este o torneio da despedida de Andy Murray? Teremos, finalmente, um vencedor saído da nova vaga, um lote amplo em que encontramo­s valores tão seguros como Zverev, Thiem, Shapovalov, Medvedev, Edmund, Kyrgios, Coric, Khachanov ou Tsitsipas? Certeza, apenas uma: a de eu ir passar nos antípodas os próximos 15 dias, madrugadas incluídas, graças ao milagre dos satélites e da alta-definição – e de um televisor que me mete dentro do corte. Assim se viva.

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