“Senti que ia ser líder”
O novo treinador do Benfica, que passou a definitivo, explica que bastou um olhar para perceber aprovação do plantel
Bruno Lage foi ontem oficializado como treinador do Benfica, passando a definitivo 11 dias depois de ter rendido, interinamente, Rui Vitória. O treinador, de 42 anos, assumiu a empreitada com tranquilidade, referindo ter a aprovação do plantel.
A decisão da SAD em manter Lage até final da época foi comunicada ontem à CMVM e aos órgãos de informação. No entanto, os futebolistas foram os primeiros a saber, no domingo, pela boca do presidente Luís Filipe Vieira. “Os jogadores não têm dito nada, mas sinto-o. E senti-o logo no primeiro dia no olhar dos jogadores. Sentimos isso. São os tais ‘feelings’, às vezes táticos e outras emocionais. Quando o presidente me apresentou ontem [anteontem] aos jogadores, olhei para eles e senti no olhar deles que ia ser o seu líder”, afirmou, em conferência de imprensa realizada na Luz.
De professor ao topo
Perante uma sala cheia de jornalistas e dirigentes, Lage vincou que está “confortável” no papel de treinador da equipa principal, depois de ter começado a época na B. Destacando o “sentido de responsabilidade” com que assume o cargo e o “enorme orgulho” pelo percurso no Benfica, onde chegou há quase 15 anos, aquele que foi tratado como um “rapaz” definiu-se agora como “terra a terra”. “Quando chegas a um determinado patamar e te sentes realizado, tudo o que vem por acréscimo é bom. Tenho 42 anos, apesar de parecer um rapaz, e sou pai... A minha ideia, quando comecei muito jovem – e já tenho mais de 20 anos de treinador –, era apenas ser professor de Educação Física e preparador físico. Mas a partir do momento em que cheguei ao Benfica, e com o percurso que fiz no Dubai e em Inglaterra, as coisas tornaram-se naturais . Já confessei a quem priva diariamente comigo que me sinto muito à vontade e confortável a trabalhar a este nível”, atirou.
Vieira já lhe entregou o caderno de encargos e Lage trabalha na consolidação de um novo desenho tático. “O que o presidente pediu é que é necessário dar continuidade ao trabalho desenvolvido nos últimos anos. Vamos tentar tirar partido do trabalho de Rui Vitória. Na minha opinião, a equipa apresenta situações positivas, mas eu direciono a mensagem para a tarefa e estamos a tentar passar de uma dinâmica de 4x3x3 para uma de 4x4x2”, esclareceu, reforçando o tal... “foco total na tarefa”. O treinador natural de Setúbal não especificou se detetou lacunas no plantel ou se tem dispensas equacionadas. “É muito cedo para falar sobre isso. Estamos numa fase de transição de treinador, de sistema. Quero conhecer todos os jogadores disponíveis, para perceber o que podem oferecer neste novo sistema”, disse, reforçando ser necessário “preparar o 4x4x2 a atacar e a defender”.
A hora é de unir esforços. Como? “Deixarmos de pensar no ‘eu’ e pensar no ‘nós’, na equipa, e naquilo que podemos fazer em cada treino, em cada jogo.” O objetivo é agora bem claro. “Passar uma imagem do que queremos para o Benfica: entrega, motivação e, independentemente do que se possa vir a fazer, é importante reconquistar o público, jogando com qualidade.” *
“JÁ CONFESSEI A QUEM PRIVA COMIGO QUE ME SINTO MUITO À VONTADE E CONFORTÁVEL A TRABALHAR A ESTE NÍVEL” “A EQUIPA TEM SITUAÇÕES POSITIVAS E ESTAMOS A TENTAR PASSAR DE UMA DINÂMICA DE 4X3X3 PARA UMA DE 4X4X2”