Record (Portugal)

ATÉ AO FIM

VANTAGEM DO BENFICA MAS GOLÃO DE BRUNO FERNANDES DEIXA DECISÃO PARA ABRIL

- CRÓNICA DE SÉRGIO KRITHINAS

BRUNO LAGE “Na primeira parte estamos a vencer”

Três dias depois, o grande dérbi do futebol português repetiu-se e terminou com a vitória da mesma equipa. Mas a história deste duelo pouco teve a ver com a que tínhamos visto em Alvalade no último domingo. Desta vez, o Benfica esteve muito longe de atropelar o Sporting, que até chegou a ameaçar o empate na Luz e mantém a eliminatór­ia ‘viva’ para o jogo da segunda mão, marcado para quase daqui a dois meses. Bruno Lage pouco mexeu no onze, trocando apenas guardarede­s e os alas. Pizzi passou para a esquerda e Salvio entrou para o flanco oposto, saindo Rafa da equipa. O argentino esteve em destaque no lance do primeiro golo, mas acabou por fazer uma exibição de repelões, com demasiadas perdas de bola. Do outro lado, Keizer mexeu bem mais: estreou dois reforços, Ilori e Borja, deixou Bas Dost no banco e apostou em Jovane Cabral como extremo-direito. Mais do que isso, as nuances táticas do Sporting tiveram novidades: sem bola, a equipa montava-se em 4x4x2, com Wendel a juntar-se a Luiz Phellype para perturbar a construção dos encarnados, ao mesmo tempo que Jovane, Bruno Fernandes e até Gudelj procuravam não deixar os médios do Benfica virarse para o jogo. Com bola, o Sporting procurou desde cedo conge- lar as coisas. Manteve a posse em zonas recuadas, com muitas trocas entre os centrais, mas poucas vezes conseguiu ultrapassa­r o muito bem organizado bloco dos encarnados.

Apesar de não ter conseguido tantas situações de transição ofensiva rápida como no dérbi para a Liga, o Benfica teve algumas, aproveitan­do cada erro individual do adversário para sair disparado. Numa delas, e benefician­do de uma sucessão de erros individuai­s – de Gudelj, Jovane Cabral e até Renan –, Gabriel marcou o primeiro golo, numa das poucas situações de remate em toda a pri- meira parte, período em que as águias foram globalment­e melhores, mais seguras, mas sem um domínio claro.

O brio do leão ferido

A segunda parte trouxe um jogo bem mais aberto. Bruno Lage trocou os alas, colocando Pizzi à direita e, com isso, encontrou forma de libertar João Félix mais vezes. O Sporting conseguiu, pela primeira vez, chegar com a bola às costas da defesa encarnada – e Wendel falhou de forma clamorosa, num lance em que o estreante Ferro o colocou em jogo. O castigo do brasileiro chegaria pouco depois,

MINUTO 16 Gudelj encolhe-se num duelo com Seferovic, a bola sobra para Salvio, que dispara até entregar a Pizzi. Este abre em Gabriel, que aproveita a passividad­e de Jovane e a mão frouxa de Renan para colocar o Benfica mais confortáve­l no jogo.

quando Pizzi, num movimento em zonas interiores, iniciou a jogada do segundo golo, que acabou por ser marcado na própria baliza por Ilori, após uma péssima cobertura defensiva do outro estreante, Borja.

Com 2-0, que se juntava aos 4-2 de domingo, o Benfica soltou-se e esteve perto de marcar o terceiro, o que teria sido um golpe quase fatal na eliminatór­ia. Não o fez e dei- xou que o leão mostrasse o seu caráter. Wendel esteve perto de reduzir e, logo a seguir, foi substituíd­o por Bas Dost, aposta de Keizer quando montou a equipa em 4x4x2. O jogo ficou algo partido, já que os encarnados não tiveram capacidade para segurar a bola e controlar um resultado muito positivo. O Sporting foi crescendo e reduziu, num livre fantástico de Bruno Fernandes. E, até final, acabou por ser a equipa de Alvalade a estar mais perto do empate, embora sem criar nenhuma oportunida­de clara.

Daqui a dois meses, talvez num contexto totalmente diferente e sem cicatrizes, ou talvez com outras cicatrizes, os dois rivais voltarão a defrontar-se. A vantagem, para já, é do Benfica, mas está muito longe de ser decisiva. A história voltou a mostrar-nos que não há meios dérbis. *

 ??  ?? TÉCNICO DEDICA VITÓRIA A CHALANA
TÉCNICO DEDICA VITÓRIA A CHALANA
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal