O leão sofre de arbitrarite aguda
ESTE VÍRUS – QUE COMEÇOU POR ATACAR ACUÑA – JÁ SE TRANSFORMOU EM GRAVE EPIDEMIA QUE A TODOS ASSOLA. ATÉ JÁ ATINGIU O FLEUMÁTICO KEIZER
Se tivesse de eleger o maior defeito desta equipa do Sporting, excluiria a falta de qualidade de alguns membros da equipa, a incapacidade do coletivo se manter concentrado e solidário na passagem para a posição de defesa. Teria, para além das deficiências graves identificadas acima, de apontar como maior barreira entre o Sporting e as vitórias constantes a vitimização perante os árbitros.
Dos três históricos grandes,
nas últimas largas décadas, o Sporting é o clube menos beneficiado pelo apito. Este facto levou gerações várias de jogadores a desenvolver um instinto de autoproteção, projetando no árbitro todos os males do futebol que não logram mostrar.
Na década de setenta,
do século passado, o FC Porto lançou as suas bases de clube vencedor crónico sob a liderança de uma lenda –José Maria Pedroto. Pois esse grande general preparou mentalmente os seus jogadores para vencerem tudo. Até os árbitros.
No Sporting vencer campeonatos está longe de ser um hábito.
Já gastar energia e concentração na tentativa de arbitrar o jogo para a bancada é um vício antigo. As equipas ganhadoras, com Inácio e, depois, com Boloni foram as exceções a esta triste regra. Equipas que venceram, mesmo contra árbitros fracos ou indutores de derrota.
No Sporting atual, este vírus
da arbitrarite aguda já atinge até Keizer. O fleumático técnico holandês, se não encontra material humano para montar uma equipa ganhadora, já encontrou o jeito de esbracejar e protestar a cada lance mesquinho.
Com esta mentalidade,
o Sporting não poderá chegar a resultados positivos. Cabe a Bruno Fernandes, acima de todos os outros, tocar a reunir e colocar a mão na sua própria consciência. Para ser um jogador de topo europeu, falta a este excelente médio de ataque uma acrescida dose de concentração e uma severa redução das palavras e gestos de protesto. Também nestes detalhes se vê a fibra de um líder, que Bruno Fernandes não tem mostrado a par com momentos de grande futebol que continua a criar.
Mesmo para ser levado a sério
pelos árbitros nos momentos de profunda injustiça, o jogador não pode estar em constante sobreaquecimento na sua relação com o juiz da partida. Neste Sporting, o vírus da arbitrarite começou em Acuña, mas logo se tornou uma grave epidemia que a todos assola.
O jogo de ontemfoimais uma ilustração dessagrave doença,
impeditiva de múltiplas vitórias. Se a equipa tem pontos muito fracos, se está cansada, descrente, muito pior fica quando os seus jogadores mais relevantes passam todo o tempo no papel de grilos falantes do árbitro. Guarde Bruno Fernandes os protestos para excecionais lances relevantes e logo verá que o seu futebol passará a sair ainda melhor. E mais constante.
O SPORTING É ENTRE OS GRANDES O CLUBE MENOS BENEFICIADO PELO APITO