BRUNO DE CARVALHO AO ATAQUE
Record publica hoje, em exclusivo, um trecho do livro que é um ajuste de contas com o passado e que promete dar que falar
De Rui Patrício a William, de Jorge Mendes a Nélio Lucas, de Marta Soares a Frederico Varandas, de Marco Silva a Jorge Jesus, de José Maria Ricciardi a Octávio Machado. “Sem Filtro – As Histórias dos Bastidores da Minha Presidência”, da autoria de Bruno de Carvalho (com Luís Aguilar), chega sexta-feira às livrarias e retrata um período da vida do Sporting que vai de 2013 a 2018. Hoje, em pré-publicação exclusiva, Record antecipa as primeiras revelações da obra que promete agitar o universo leonino – e não só. Em “O Estranho Mundo de Octávio Machado”, título do capítulo 8, o antigo presidente revisita a trajetória do ex-diretor de futebol, desde a entrada no Sporting em
“[OCTÁVIO MACHADO] SÓ SERVIA PARA CRIAR AGITAÇÃO INTERNA. EM DOIS ANOS, NUNCA VI UMA MAIS-VALIA PARA O SPORTING”
2015, a pedido de JJ, até à carta de demissão, em 2017, aceite “no mesmo segundo”. No estilo contundente (e por vezes irónico) que o caracteriza, Bruno conclui que Octávio “só servia para criar agitação interna”.
“Era um elemento altamente perturbador. Percebeu desde cedo que, para mim, estaria a mais. Nos dois anos no clube, nunca vi nada do seu trabalho que pudesse constituir mais-valia para o Sporting”, escreve BdC, que considerava o Palmelão um fator de instabilidade para Jesus, “um homem bastante influenciável e sempre muito preocupado com o que os outros dizem sobre ele”. “Para o Jorge, a simples ideia de haver uma pessoa que não gosta dele é absolutamente insuportável”,remata.
Bilhetes e jogos para perder
“Sem Filtro” nem meias palavras, Bruno de Carvalho aborda a questão da estrutura, tão falada durante o seu mandato, e partilha conversas pessoais com a dupla Octávio e Jesus sobre alegadas práticas do Benfica, como pagamento de prémios a outros clubes em troca de derrotas e vitórias, ou ainda a compra de “quantidades consideráveis de bilhetes dos estádios adversários [...] acabando por ter influência junto desses emblemas”. “É verdade que nunca me disseram direta- mente que o Sporting deveria entrar por vias ilegais. Mas lembravam sempre que era assim que outros faziam. Nunca quis tirar conclusões precipitadas. Nem quero. Mas posso dizer que o Octávio e o Jorge foram as primeiras pessoas com muitos anos de futebol de quem ouvi estas conversas sobre jogos para ganhar e para perder”, escreve Bruno.
Varandas ao barulho
Curiosa é, também, a referência a Frederico Varandas, a propósito da extensão da baixa médica concedida a Octávio Machado, por “decisão conjunta” do então diretor clínico do Sporting e “do próprio Jorge Jesus”. “Porquê? Só os dois poderão explicar, mas a verdade é que a baixa foi sendo estendida, e, consequentemente, o Octávio falhou muitos jogos.” *
“PARA O JORGE [JESUS], A SIMPLES IDEIA DE HAVER UMA PESSOA QUE NÃO GOSTA DELE É ABSOLUTAMENTE INSUPORTÁVEL”