Record (Portugal)

“Não posso ficar calado porque a minha família está a sofrer”

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Há diferenças entre Hugo Chávez e Nicolás Maduro?

JC – É a mesma coisa. Estando Chávez ou Maduro, o país iria sempre chegar à situação em que está hoje. Maduro deu sequência às coisas erradas que Chávez vinha fazendo. As pessoas não votaram em Maduro, Chávez fez tudo para que Maduro ficasse na presidênci­a. O primeiro iniciou uma crise económica na Venezuela, e fosse Maduro ou outro qualquer chegaria ao que estamos a assistir agora.

Se estivesse na Venezuela poderia criticar tão abertament­e o regime numa entrevista?

JC – Acho que sim, mas depois podia ter represália­s. Acredito que falaria na mesma e teria de sofrer as conse- quências. Não posso ficar calado porque a minha família está a sofrer com o estado em que o país está. Como jogador de futebol que tem alguma voz mediática e seguidores nas redes sociais, como Murillo, Osorio, Victor García, venezuelan­os que jogam em Portugal, consigo que a minha voz chegue a mais pessoas.

Acha que Murillo, Osorio, Victor García pensam da mesma forma? JC – Tenho certeza que sim. Todos temos família na Venezuela e queremos que esta situação acabe. Não é por nós porque fomos bem acolhidos em Portugal, mas pelas pessoas que lá estão e não podes trazer para cá. Há tios, tias, madrinhas, padrinhos de quem gostas e não as consegues tirar de lá.

Qual a sua opinião sobre Juan Guaidó?

JC – Trata-se de alguém que trouxe esperança ao permitir que os venezuelan­os vejam a luz ao fundo do túnel. Tem o meu apoio e da minha família inteira. Está muito bem preparado para assumir o país nesta fase de transição.

O reconhecim­ento de Juan Guaidó como líder venezuelan­o

“CADA ANO QUE PASSA ENCONTRO LÁ MENOS AMIGOS PORQUE MUITOS DELES VIRAM-SE OBRIGADOS A EMIGRAR”

pela comunidade internacio­nal foi um passo importante para o país? JC – Ter quase toda a comunidade europeia e os países sul-americanos ao lado de Guaidó dá mais esperança aos venezuelan­os, que acreditam mais do que nunca que vai ser o fim do atual governo.

O que vai acontecer a Nicolás Maduro?

JC – Com os países poderosos que o apoiam, acredito que, quando se sentir ‘apertado’, sairá da Venezuela para um país que o acolha. *

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