A V A NT GA RDE ADEPTOS ESCOLHEM QUEM VAI A JOGO...
IDEIA ORIGINAL ESTÁ A ENCONTRAR RESISTÊNCIAS Ajudam treinador em todas as decisões – onze titular, substituições, bolas paradas e treinos
A evolução tecnológica no desporto é cada vez mais uma realidade. Contudo, em alguns casos, há quem queira fazê-lo de forma desenfreada e um pouco bizarra... O Avant Garde Caennaise, do 6º escalão do futebol francês, decidiu utilizar a aplicação ‘United Managers’ para que os adeptos tenham um papel ativo na gestão técnica da equipa, auxiliando o treinador Julien
Le Pen, de 33 anos, a tomar as mais importantes decisões relativas ao plantel. Na realidade, passou a ter 2 mil ‘adjuntos’, algo que nem sempre é fácil de gerir. O Avant Garde já utiliza esta aplicação desde a temporada passada e celebrou uma subida de divisão, portanto não podemos negar imediatamente uma tecnologia que desconhecemos, mas que a coisa tem tudo para correr mal... lá isso tem. A aplicação ‘United Managers’, que transmite também o jogo em direto em ‘livestream’, permite que os adeptos definam a equipa titular que vai a jogo, as substituições que devem ser feitas, que formação tática deve ser adotada e, imagine-se, até quem deve fazer o quê em lances de bola parada. Para
além da confusão que se cria, ainda por cima em tempo real, levanta-se de imediato uma questão – para que serve o treinador? Resposta do próprio: “Continuo a ser o técnico. Sou a ligação entre os adeptos que usam a aplicação e a equipa. Mas se for necessário tomar uma decisão rápida em que não os podemos consultar, eu trato do assunto sem problema.” “Se, por exemplo, existir um erro na aplicação, o controlo é meu. O importante é existir esta ligação inédita entre o treinador e os adeptos”, realça. De resto, o técnico até assegura que a sua posição se tornou, de certo modo, confortável: “Nas substi- tuições, os jogadores têm noção de que saíram porque os adeptos determinaram e não porque quis. Isso dá tranquilidade. E quem entra vai confiante de que os adeptos acreditam num contributo positivo.” Já o médio Nicolas Suzanne não só gosta deste modelo, como confessa que assinou pelo clube em busca disso mesmo. “Vim, em grande parte, porque queria fazer parte deste projeto inovador. Os jogadores dão mais nos treinos, porque sabem que os adeptos estão a ver tudo na aplicação. Motiva muito!”, sublinhou o jogador. Na liderança da Regional 1 da Normandia, o Avant Garde ganhou mediatismo com esta inicia-
FEDERAÇÃO FRANCESANÃO ACHOU GRAÇAÀIDEIAE CRIOU REGRAS EXPLÍCITAS PARADIFICULTAR AVIDAAO CLUBE DA6ª DIVISÃO
tiva, mas o tiro parece ter saído pela culatra, uma vez que a Federação francesa (FFF) criou regulamentos que parecem feitos a pensar no clube. Em causa estão as transmissões dos treinos e jogos em direto... O organismo determinou em dezembro de 2018 que os clubes não podem estabelecer parcerias com entidades externas que influenciem a performance da equipa, devem impedir que entidades externas questionem a responsabilidade do treinador e ainda que os jogos sejam transmitidos em direto sem permissão da FFF. Três medidas que parecem feitas de propósito para o Avant Garde e para a ‘United Managers’. Aliás, foi a empresa responsável pela aplicação a entregar o caso aos advogados: “Estes artigos foram feitos expressamente para prejudicar o nosso projeto. Algo sem precedentes.” O próximo jogo do Avant Garde é a 23 de fevereiro. Resta saber se com a preciosa ajuda da aplicação ou se Julien Le Pen terá de dar uso ao que aprendeu no curso... *