“Foram vinte minutos de terror”
Quem desafia a Praia do Norte tem sempre histórias para contar. Nic Von Rupp não esquece o dia 1 de janeiro de 2017 e uma sessão em que tudo parecia ter corrido mal. A equipa decidiu experimentar uma nova moto de água e quem estava na prancha era Sérgio Cosme. Até que, numa da- quelas vagas imensas, o surfista deixou de ser visto. “Estavam seis pessoas no mar à procura do Sérgio e naqueles momentos passou-me tudo pela cabeça. Pensei que tínhamos perdido o Sérgio. Corremos quilómetros na costa e nada. Achei que tinha chegado o dia em que o pior acontecera, mas, de repente, ele aparece e conseguimos o resgate. Foram 20 minutos de terror”, recorda Nic. Curiosamente, é Sérgio Cosme o mais preocupado com a segurança. E foi quando praticou motociclismo que começou “a dar importância” a estas questões. “Desde jovem percebi que era necessário ter a situação controlada, e mesmo quando saía para o pinhal com um grupo de amigos, não me importava de ficar para trás para me certificar de que ninguém se perdia”, diz o responsável pela segurança.
“PENSEI QUE TÍNHAMOS PERDIDO O SÉRGIO. MAS, DE REPENTE, ELE APARECE E CONSEGUIMOS O RESGATE”
Ligação imediata
Sérgio tornou-se especialista nesta tarefa após ser obrigado a mudar de vida quando o bar que explorava numa praia teve de ser destruído. “Estava desempregado quando tirei um curso de operador de resgate e comecei a acompanhar surfistas em Santa Cruz. Senti uma ligação imediata. A partir daí percebi que era isto que queria fazer na minha vida”, recorda o surfista, que respeita ao máximo a Praia do Norte. “Aqui é tão perigoso surfar a onda, que é melhor ter um bom piloto do que um bom surfista”, conclui. *