“Já não há futebol de rua”
Entre elogios a João Félix e a antevisão ao duelo com o V. Setúbal, Silas faz um retrato nacional
Silas gosta de falar de futebol e isso nota-se em poucos segundos. Numa conversa com Record, o treinador do Belenenses abordou a importância do jogo de hoje com o V. Setúbal, mas foi mais longe e fez um retrato do futebol português. Os pequenos estão mais fortes e Silas, de 42 anos, explica a razão. “Há uma mudança, é verdade. Se falarmos de Belenenses, Moreirense, Tondela, Portimonense, por exemplo, todos jogam diferente. Mas todas essas equipas jogam bem. Temos em comum o facto de olharmos para isto de forma mais valente, mas há cada vez menos jogadores que fazem a dife- rença nos grandes”, acrescentou. Pois bem, foi com naturalidade que o nome de João Félix surgiu. “O João faz-me lembrar o João Pinto. Um louro, outro moreno! Noto nos adeptos do Benfica que quando o João tem a bola, estão à espera de algo diferente. Há muito tempo que não se via um jogador assim em Portugal e isso não é normal. O FC Porto, Sporting e Benfica tinham sempre! No Sporting há Bruno Fernandes, Nani, Bas Dost. No FC Porto temos o Marega, que é muito diferente, mas valem mais pelo coletivo. No Benfica tínhamos o Jonas e agora é o Félix”, referiu. Mas o que aconteceu? “Já não há futebol de rua. Quando jogava na rua, podia driblar dez jogadores e ninguém me dava na cabeça. Essa criatividade ganha-se lá e não se pode tirar. Na formação, queremos ser tão treinadores que esquecemos que o jogador é que decide, tem de ser criativo e nós tiramos isso aos miúdos. Os treinadores são parecidos, todos bons, e quando há jogadores assim, como o João, acontece o que acontece”, analisou.
Peso no Bonfim
Questionado sobre a importância do jogo com o V. Setúbal, Silas reconhece que a equipa está cheia de vontade de voltar às vitórias, até porque o sonho de acabar em 5º lugar pode depender disso. “Este jogo pode marcar o nosso rumo, de nos mantermos ou não na luta pelo 5º lugar. Se não ganharmos, podemos afastar-nos completamente dessa luta. Será difícil, mas enquanto estivermos lá perto não a vamos descartar”, atirou. * V. SETÚBAL
“ESTE JOGO PODE MARCAR O NOSSO RUMO, DE NOS MANTERMOS NA LUTA PELO 5º LUGAR”, EXPLICA A RECORD