O mérito de não deixar jogar
Não deixar jogar a Roma foi o objetivo amplamente alcançado pelo FC Porto durante a primeira parte. Aequipa de Sérgio Conceição optou pela pressão alta logo no princípio da partida, colocando, por diversas vezes, sete jogadores no meio-campo italiano no momento em que o adversário iniciava a primeira fase de construção [ 1].
Este tipo de pressão alta não visava, todavia, recuperar rapidamente a bola. Aprimeira linha permitia o passe entre o guarda-
POR IRONIA, FOI ADRIÁN LÓPEZ, O SUBSTITUTO DO ARGELINO, A RECOLOCAR A EQUIPA NA ELIMINATÓRIA
redes e os defesas. Aoposição fazia-se sentir, isso sim, quando o médio mais recuado dos transalpinos era chamado a intervir. No ataque, Sérgio Conceição, um tanto surpreendentemente, voltou a apostar no 4x4x2. Os cuidados defensivos e a necessidade de contenção no miolo do terreno colocavam Brahimi como o elo entre o meio-campo e a dupla da frente, forçando o argelino a pro- curar, mais vezes do que tem sido habitual nos últimos jogos, o espaço interior [ 2].
Comos blocos muito juntos,o ‘não deixarjogar’ do FC Porto surtiu efeito durante muito tempo. Sem conseguircolocarelementos nas entrelinhas, era o ponta-de-lança Dzeko aterde baixarno terreno. Comeste tipo de movimento,o bósnio solicitou várias vezes os extremos Zaniolo e El Shaarawy, que, porforça das circunstâncias, surgiam mais adiantados do que o próprio goleadorromano [ 3]. A lesão de Brahimi desorientou os portistas, que tinham, até então, o jogo controlado. O opositor, com grandes dificuldades na organização ofensiva, vivia de esticões. Mas a verdade é que o primeiro golo surgiu, a organização defensiva portista abanou ainda mais e a eliminatória parecia perdida, no momento em que Zaniolo bisou, aproveitando não só a liberdade concedida a Dzeko como a noite menos inspirada de Alex Telles.
Por ironia, foi o substituto da grande figura portista, Brahimi, a recolocar o FC Porto na luta pelo apuramento para os quartos-definal. Os dois golos italianos obrigaram, como é óbvio, Sérgio Conceição a uma atitude diferente. Os dragões arriscaram, subiram linhas – houve transições ofensivas da Roma com igualdade numérica entre avançados e defesas portistas –e, com alguma dose de sorte, face à ação de Soares no lance, chegaram ao golo, com Adrián López a mostrar os seus recursos técnicos.