Record (Portugal)

Quando Sérgio inventa

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CONCEIÇÃO ESCOLHEU MAL A VÍTIMA PARA ABORDAR NO RELVADO DO OLÍMPICO DE ROMA NÃO FAZ SENTIDO DESFAZER UMA DUPLA DE CENTRAIS QUE TÃO BEM SE TINHA MECANIZADO DESDE OS PRIMEIROS ALVORES DA ÉPOCA...

Os

leitores que me agraciam com a sua atenção, talvez se recordem da profunda crítica que aqui mereceu o raspanete dado por Sérgio Conceição ao seu médio Sérgio Oliveira, em pleno relvado, após o apito final de um jogo em que o atleta falhou um passe simples. Alertei então que essas conversas abrasivas não se devem ter em pleno relvado, à frente dos adeptos, com o atleta ainda em batida cardíaca acima dos 120.

Aconselhei até que, esse tipo de críticas devia ficar reservado para o dia seguinte.

É fundamenta­l que o jogador repouse, classifiqu­e toda a informação, antes de ser confrontad­o com uma falha involuntár­ia pelo líder do grupo.

Não é difícil projetar o que diz

Felipe ao seu técnico, quando este o aborda em pleno relvado, após uma derrota. Felipe não fez um bom jogo e teve um péssimo passe. Conceição escolheu mal a vítima. O exercício a partir daqui é de mera suposição, Felipe terá dito que não admitia recriminaç­ões feitas no relvado para os macacos da bancada.

Por perto desta cena intensa

estava o clínico do FC Porto, o diretor-geral, que costuma rosnar de dentes cerrados, e aqui aparece atónito. Mais, muito mais importante, por lá estar também Éder Militão.

Quando Sérgio Conceição aceitou receber Pepe no plantel,

nada parecia errado na decisão. Pepe estava livre, é um defesa à Porto, veterano com história no clube. Fazia todo o sentido acolhê-lo. Já não faria tanto sentido abrir-lhe as portas do onze, logo ao primeiro lance. E desfazer uma dupla de centrais que tão bem se tinha mecanizado desde os primeiros alvores da época. Desde que Pepe (jogador que muito admiro) assentou praça no onze, o FC Porto caiu a pique.

Se ao menos Sérgio Conceição tivesse o golpe de asa de colocar Pepe como

líbero num esquema de três centrais, com Corona ou Maxi, pela direita, e Telles na esquerda. Aí, as coisas poderiam fazer sentido. Desfazer uma sólida dupla de centrais, para inventar um defesadire­ito pouco ofensivo e colocar Pepe a jogar pela esquerda, onde nunca se sentiu confortáve­l, são demasiados abusos das leis do futebol para poder correr bem. Sérgio parece ter perdido a crença dos jogadores. Perdida a crença, fica perdida a confiança. Perdidas estas, jorram as derrotas em campo.

É possível reverter a tendência?

É. Assim tenha o técnico humildade suficiente para reconhecer que está errado. Que o futebol já foi inventado. Que quando se tenta agradar a gregos e a troianos, acaba-se trespassad­o pelas lanças de ambos.

Ou Sérgio faz ‘mea culpa’,

reverte o desarranjo defensivo, e está bem a tempo, ou as fichas vão para um Benfica campeão.

E Jesus começa a tirar medidas ao único banco de um grande onde ainda não se sentou.

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