Record (Portugal)

“SENTI JESUS DIFERENTE DEPOIS DO ACORDO COM O BENFICA”

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Como chegou ao ponto a que chegou a sua relação com William Carvalho e Rui Patrício?

BDC – Chegou ao ponto a que chegou porque eu já estava para os vender há dois anos e nunca os vendi porque o Jorge Jesus dizia sempre que estragava os objetivos da época se o fizesse. Acho que começaram a ver-me como um obstáculo à sua liberdade e ao cumpriment­o do sonho de irem para fora. Mais uma vez, acho que não houve um treinador à altura para dizer, ‘não, não foi o presidente, fui eu’.

Refere uma “teoria mirabolant­e” de William segundo a qual teria sido você a pedir à Juve Leo para agredir os jogadores. Acredita que pode ter sido alguém da claque a passar-lhe essa informação?

BDC – O que eu posso dizer é que o William tratava por ‘irmão’ uma das pessoas que está presa. E viceversa. Acho muito estranho um irmão ir a um local para bater noutro. Eles tinham uma proximidad­e muito, muito grande. E é um dos mistérios deste ataque.

Está a referir-se a ‘Aleluia’ (Ba Amadu)?

BDC – Com certeza. Está preso.

A propósito de William, faz revelações no livro sobre o que aconteceu no balneário em Chaves, em janeiro de 2017. Ouvir um capitão dizer “quero que os adeptos se f…” foi um choque?

BDC – Foi. Fosse de qualquer jogador. Mas um capitão tem ainda mais responsabi­lidades.

É verdade que nesse dia esteve perto de chegar a vias de facto com um jogador?

BDC – Não.

E isso aconteceu nalgum momento do seu mandato?

BDC – Não. Nem com jogadores, nem com treinadore­s, nem com ninguém.

Ainda sobre os jogadores, afirma que a Polícia não o deixou ir com eles quando foram apresentar queixa na esquadra do Montijo, após o ataque à Academia. Com que argumento?

BDC – Estávamos todos retidos em Alcochete. A mim, só me deixaram sair depois da última carrinha dos jogadores. Seja como for, o Sporting estava representa­do com os seus advogados no posto da GNR.

Arrepende-se de não ter despedido Jorge Jesus logo no dia 14 de maio, a seguir à derrota na Madeira. Acredita que se teria evitado o ataque à Academia?

BDC – Eu acredito em duas coisas: que ganhávamos a Taça de Portugal e que tínhamos perdido 9 milhões de euros, entre ele e os adjuntos. Nisso acredito. Agora, se as pessoas iam à Academia ou não, não estou na cabeça delas, não posso saber.

Sentiu a reaproxima­ção de Jesus a Luís Filipe Vieira como uma traição?

BDC – Senti um Jorge Jesus muito diferente a partir de janeiro de 2018, pouco tempo depois de ter feito o acordo, que ninguém sabe qual é, com o Benfica. O acordo em tribunal. Tornou-se um Jorge muito, muito, muito diferente.

É nessa altura que tem uma conversa com um amigo de Jesus, Vítor Araújo. Pensou despedi-lo em janeiro?

BDC – Sim. Quando eu falo com Vítor Araújo, é exatamente com essa ideia de preparar terreno para a saída do Jorge Jesus.

Que podia ser imediata?

BDC – Que podia ser imediata.

Se fosse hoje, teria dito ‘não’ quando ele quis contratar Octávio Machado?

BDC – Claramente. Disse que não aos três primeiros que ele pediu. Devia ter dito o mesmo ao quarto.

Octávio foi quarta escolha? BDC – Foi.

Quem eram os três primeiros? BDC – O primeiro foi o Carlos Freitas. O segundo foi o Carlos Janela. E o terceiro foi o José Luís.

Escreve agora que Jesus tinha uma estrutura própria de mercado e que interferiu nas negociaçõe­s…

BDC – Que interferia muitas vezes.

Por exemplo, com Alan Ruiz. BDC – Totalmente.

Por que não cortou de imediato com essa prática?

BDC – Cortei. Cortei, só que eu não estava com ele 24 sobre 24 horas, nem controlava o telemóvel de ninguém. Eu quis muito cortar e quis que ele percebesse. Tivemos conversas muito sérias sobre o que se passou com o Alan Ruiz. É mais forte. É como a anedota do escorpião e do elefante. O escorpião também morreu mas era mais forte do que ele.

Recuando no tempo, garante que o contacto com Jesus só é feito depois da final da Taça de Portugal em 2015 e que tudo ficou resolvido em três dias. Mas também admite no livro que decidiu despedir Marco Silva logo em agosto de 2014. No espaço de um ano, não pensou noutros treinadore­s? BDC – Tenho muita pena de não ter tido capacidade financeira para manter o Leonardo Jardim no Sporting mais tempo.

É o único treinador que lhe deixou saudades no Sporting?

BDC – Correto e afirmativo. Por isso é que tenho pena de não ter tido dinheiro para o manter.

Nunca pensou em Rui Vitória para ser treinador do Sporting? BDC – Não. Mas foi-me muito oferecido.

“WILLIAM TRATAVA POR ‘IRMÃO’ UMA DAS PESSOAS QUE ESTÁ PRESA. E VICE-VERSA. É UM DOS MISTÉRIOS DESTE ATAQUE”

Na época de Marco Silva? BDC – Foi-me muito oferecido.

E nunca ponderou ir buscá-lo? BDC – Não.

Revela que Marco Silva “chegou ao ponto de estar aver os jogadores à pancada sem fazer nada”. Em que jogo é que isso aconteceu? BDC – Após uma vitória sobre o Boavista (no Bessa, por 3-1, a 5 de dezembro de 2014).

Fala muito de Marco Silva no livro, é um facto...

BDC – Porque sempre foi um assunto que ficou na dúvida dos sportingui­stas. Mas o livro não é só

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