Record (Portugal)

S AMUEL BAR ATA

- FÁBIO LIMA

Atleta do Benfica cumpriu estágio de um mês em Iten, no Quénia, onde se treinam os melhores

Se não os podes derrotar, junta-te a eles.” Ou pelo menos treina-te nas mesmas condições do que eles. Ora, foi isso mesmo que fizeram os portuguese­s Samuel Barata e Emanuel Rolim, que estiveram a trabalhar durante um mês no Quénia, na mítica vila de Iten, onde ‘nascem’ os melhores maratonist­as quenianos da história e onde cada vez mais chegam europeus à procura da fórmula para o sucesso no atletismo.

A fórmula exata ninguém a sabe explicar, mas Samuel Barata admite que por ali existe uma aura especial que leva a este fenómeno: “Há um espírito brutal para correr. E o mais impression­ante de tudo é que não é fácil treinar ali, pois trata-se de um sobe e desce constante, com caminhos irregulare­s... e há ainda a altitude!” O português deixa o alerta e com razão. Por ali, os treinos são 2.350 metros acima do

nível do mar e as diferenças no rendimento são notórias. Tanto que o plano é começar... calmamente. “Só comecei a treinar-me a sério uma semana depois de chegar. Senti muito a altitude, pois é completame­nte diferente de treinar em Lisboa, onde tentamos sempre correr junto ao rio”, explica o atleta do Benfica, que no Quénia trabalhou integrado num grupo de europeus, do qual se destacava o polaco Marcin Lewandowsk­i - o vice-campeão europeu dos 1.500 metros de 2018 representa igualmente o clube da Luz. A explicação para essa escolha foi clara. “Não posso ir treinar muito forte com os quenianos, porque o efeito pode ser o contrário do desejado. Podia acabar por voltar desgastado e não queria isso”, lembra o português. Mas desengane-se quem pensa que Samuel Barata não ‘carregou’ nos treinos. Antes pelo contrário! Treinou-se quase sempre duas vezes por dia, percorrend­o no período de um mês um total de 781 quilómetro­s por entre os acidentado­s percursos de terra batida de Iten. “Estava a treinar com atletas de bom nível europeu. Foi muito bom estar com eles. Foi uma experiênci­a enriqueced­ora”, confessa. Um teste positivo

Do Quénia, Samuel Barata voou diretament­e para Barcelona, onde no último domingo participou na Meia-Maratona de Barcelona. Na Catalunha, num teste para o grande objetivo que aívem, o atleta do Benfica terminou na 10ª posição, com um recorde pessoal (1h02m59s). Positivo? Claro que sim!

“Saí bem do estágio, sem qualquer sequela física, nomeadamen­te em relação a possíveis vírus que por vezes se apanham. A ‘meia’ de Barcelona calhava na altura certa para perceber aquilo que treinei e a forma em que estava.” E a forma foi exatamente aquela que esperava. Correu com os africanos até ao sétimo quilómetro e depois descolou, ficando depois na companhia do também português Rui Pinto. “Ajudámonos um ao outro para tentar ficar abaixo de 1:03. Na parte final, ele teve mais ‘pernas’ do que eu, porque também está com mais ritmo competitiv­o do que eu. Foi um bom teste, como prenúncio de que fiz um bom trabalho”, adianta. Agora, segue-se a estreia na maratona, em Tóquio, onde o objetivo principal do atleta português é claro. “Primeiro quero acabar! Vai ser a minha estreia e tenho de ser cauteloso. Posso estar em boa forma, mas não vou arriscar na primeira metade. Até posso passar a 1:05 na ‘meia’, mas se calhar é melhor passar mais lento e acabar forte. Tenho um objetivo à volta das 2:15 ou 2:16”, conclui Samuel Barata, de 25 anos. *

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