TRABALHO E SURPRESA NA BASE DO SUCESSO
Só o alucinante ciclo de jogos não permitiu a Marcel Keizer apostar mais cedo no 3x4x3 OS PRÓXIMOS ADVERSÁRIOS TERÃO AGORA MAIS DÚVIDAS SOBRE A ESTRATÉGIA QUE PODERÃO DEFRONTAR... AS DINÂMICAS POR DENTRO DA TÁTICA
Marcel Keizer surpreendeu tudo e todos com o 3x4x3 utilizado frente ao Sp. Braga, um sistema tático que deixou o adversário perdido em campo e que resultou numa vitória categórica dos leões por 3-0. Esta movimentação está a ser preparada em Alcochete desde dezembro e o trabalho começa agora a dar os primeiros frutos. A variação tática só não foi utilizada mais cedo dado o elevado número de jogos que o Sporting tem disputado, o que basicamente, só tem permitido à equipa técnica fazer trabalho de recuperação. De acordo com a opinião recolhida junto de alguns treinadores, este 3x4x3 necessita de mais trabalho para ser implantado e só resulta se no plantel existirem jogadores com determinadas características. Aliás, num passado recente, Jorge Jesus experimentou esta solução, mas sem resultados práticos.
Vítor Manuel assinala que esta fórmula “está ser utilizada por várias equipas espanholas” e não hesita em apontar as principais virtudes que foram possíveis verificar no Sporting. “A equipa a atacava com três e defendia com cinco enquanto o Sp. Braga tentava construir com os mesmos três jogadores e só defendia com quatro. Isto deixou o Sporting sempre em vantagem, principalmente no corre- dor central, onde Wendel imprimiu muita intensidade e, com Gudelj, conseguiu impedir Claudemir e Fransérgio de construírem. Depois, o jogo interior do Diaby e do Bruno Fernandes fizeram a diferença”, aponta.
Fator tempo
Quando chegou ao Sporting, Marcel Keizer trocou o 4x2x3x1 de Jo- DEFESA
Um dos dados curiosos em torno da mudança operada por Keizer é que, no papel, a equipa jogou com menos uma unidade na linha recuada e, ainda assim, acabou o jogo sem sofrer golos, algo que tem sido raro esta época. Na verdade, Ilori, Coates e Borja contaram sempre com as compensações de Gudelj e Wendel, mas principalmente de Ristovski e Acuña, que na segunda parte recuaram e juntaram-se ao trio para formar uma defesa a cinco. Foi quando Keizer trocou o 3x4x3 por um 5x4x1.
MEXER... SEM MUDAR NOMES MEIO-CAMPO
Se o mérito de Keizer é inquestionável pela forma como surpreendeu Abel, não é de mais referir que os jogadores foram exemplares no modo como interpretaram a estratégia. Isso notou-se sobretudo nas dinâmicas de meio-campo, que deixou de ser uma ‘ilha’ entregue a
sé Peseiro por um 4x3x3, um sistema tático cujas movimentações são mais facilmente assimiladas pelos jogadores. Entretanto, quando tinha esta possibilidade, ia trabalhando este 3x4x3 que, de forma surpreendente, estreou frente ao Sp. Braga.
Agora, os treinadores adversários terão de encontrar um alternativa para parar este novo Sporting, um problema que Abel Ferreira não conseguiu resolver em Alvalade. * três unidades e passou a ser a base de toda a equipa na sua fase de transição. Gudelj e Wendel foram fundamentais para os equilíbrios. Bruno Fernandes , Diaby, Ristovski e Acuña foram determinantes a criar situações de superioridade.
ATAQUE
O 3x4x3 transformou o Sporting numa equipa de tração dianteira e teve duas conse- BORJACOMOTAMPÃO. Não é central mas conhece as movimentações dos laterais, e isso permitiu-lhe dobrar Acuña, que quase só se preocupou em atacar. Esta aposta impediu as subidas de Goiano e os desequilíbrios que Esgaio costuma criar.
BRUNO TODO-O-TERRENO.“Defende como um seis, transporta quências de grande impacto no ataque: acrescentou um apoio extra a Dost e Bruno Fernandes no jogo interior, no caso Diaby, e confundiu muito as marcações da defesa do Sp. Braga, facto para o qual contribuiu, também, a verticalidade de Ristovski (mais ele) e Acuña. Dost não sofreu com a maior proximidade de Diaby, e o maliano foi essencial, pela dinâmica e liberdade de movimentos de que dispôs. como um oito e finaliza como dez”, descreve Vítor Manuel. Com mais liberdade para atacar nas costas de Bas Dost, caiu preferencialmente no lado esquerdo.
DIABY ENDIABRADO. Foi um vagabundo jogando entre as linhas defensivas do Sp. Braga. Esta liberdade tática confundiu as marcações do Sp. Braga e, acima de tudo, criou situações de vantagem no meio campo.