Record (Portugal)

Claques e birras

- FIQUEM EM CASA

Não tenho dúvidas que o Benfica, se dependesse apenas da sua vontade, já tinha legalizado as claques.

Só que o Benfica age com as claques como os governos com os funcionári­os públicos, ou seja, cede sempre. Protesta, resmunga, mas cede sempre. Os governos, porque precisam dos votos, o Benfica, não percebo bem o porquê, embora tenha as minhas desconfian­ças.

O resultado está à vista: por via dessa política do faz de conta, que se traduz no apoio encapotado, o Benfica enredou-se numa série de contradiçõ­es – como resulta das inconfidên­cias publicadas – e a careca descobriu-se.

Mais do que bradar contra (mais) umasuposta conspiraçã­o , melhor seria apurar quem fez o Benfica embarcar em (mais) este aventureir­ismo, que, com toda a probabilid­ade, vai atirar o clube para um par de jogos no Bonfim, que é, normalment­e, para onde sobram estas coisas.

O que mais me impression­a nisto tudo é o chamado sentimento de impunidade, ou seja, a convicção de que se está acima e para além da lei, ainda que os factos indiciem o contrário. Muito boa gente se tramou assim, achando que as pessoas acreditava­m que o dinheiro era sempre do amigo...

2. No Sporting, infelizmen­te, as coisas não estão melhor; por discordare­m da nova polí- tica de apoios do clube, as claques fazem greve de zelo, ou seja, só apoiam a espaços.

Devo dizer que esta atitude me causa a maior consternaç­ão. Por várias razões. Em primeiro lugar, porque as claques deveriam eleger como prioridade convencer os sportingui­stas que não se identifica­m com aquele bando de mercenário­s que invadiram Alcochete e, assim, não o estão a fazer.

Emsegundo lugar, tem a di-

SE NÃO ESTÃO COM A EQUIPA, TÊM UMA SOLUÇÃO SIMPLES,

reção do Sporting carradas de razão, ao impedir tarjas que não sejam apenas e só mensagens de apoio. Já vi coisas em Alvalade escritas que eram verdadeiro­s Alcochetes verbais e, por fim, alguém tem a clarividên­cia de pôr termo a essas práticas intimidató­rias.

Finalmente, não aceito que as claques ocupem o seu espaço e fiquem caladas. Se existem razões de queixa, que as discutam cá fora, com quem de direito, o que, tanto quanto sei, nunca se inibiram de fazer. Lá dentro, há só um registo possível, apoiar a equipa. Se não estão com ela, têm uma solução muito simples, fiquem em casa.

E, já agora, cedam o lugar a outros.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal