ARRASA GESTÃO DE BRUNO
Presidente revelou primeiras conclusões da auditoria forense às contas e acusou o ex-líder de ser “mentiroso compulsivo”
CONFERÊNCIA PARA EXPLICAR O ‘ESTADO DA NAÇÃO’ LEONINA
Quase seis meses após ter assumido a presidência do Sporting, Frederico Varandas fez um balanço do estado do clube, assumindo que herdou da anterior direção um pesado legado. Para além de ter revelado as primeiras conclusões da auditoria forense às contas do mandato de Bruno de Carvalho, Varandas desferiu vários golpes à gestão e ao caráter do anterior líder. “Um mentiroso compulsivo será sempre um mentiroso compulsivo. Já obrigou duas vezes os sócios a saírem de casa para dizerem que o lugar dele é em casa e longe do Sporting”, frisou. Numa extensa conferência de imprensa para “explicar a verdade sobre o Estado da Nação”, foram relevados quatro aspetos da auditoria, cujo relatório final está por concluir. “Sociedade de advogados MGRA: em 2018 contratou o sogro de Bruno de Carvalho para associado, por 1,7 M€ em três anos. Nos 16 anos anteriores, gastámos menos com todas as outras empresas de advocacia; Xau Lda: pagamento de 60 mil euros de brindes e 20 mil por serviços de divulgação da marca na comunida- de chinesa. O departamento de merchandising não conhece a empresa; Batuque FC, clube de Cabo Verde: direito de preferência sobre sete jogadores não identificados. Em janeiro de 2018 foi solicitada pela SAD uma minuta do contrato. O valor de 330 mil euros foi liquidado e nunca restituído; Claques: desde 2013, a dívida passou de 115 mil euros para 756 mil, quase tudo da Juve Leo”, vincou.
“ATLETAS DA FORMAÇÃO VIVIAM COM MOBÍLIA DEGRADADA E DORMIAM EM COLCHÕES COM 16 ANOS”, DENUNCIOU
Reforma em Alcochete
Varandas acusou, depois, a anterior direção liderada por BdC de “abandonar” a Academia, em Alcochete, que está “igual desde 2002”, ano da inauguração. Para além de sublinhar que ouve “queixas diárias” da boca de Marcel Keizer quanto ao estado do relvado de treino, Varandas criticou as condições até então oferecidas aos atletas da formação. “Os juniores e equipa feminina treinavam num campo com buracos; os atletas viviam com mobília degradada e dormiam em colchões com 16 anos; as máquinas de musculação estão rasgadas. Num ano venderam Slimani e João Mário por 70 M€ e não usaram esse dinheiro para fazer alterações”, salientou. Pelos motivos enumerados, o antigo diretor clínico encarou como premente a reforma da ‘caixa-forte’ dos leões. “Vamos expandi-la com mais quatro ou cinco campos e mudar os quartos dos miúdos. Já implementámos uma única direção técnica, uniformi- zação de procedimentos ou a unidade de performance física. Nem Roma nem a Academia se reconstroem num dia, mas todas estas medidas vão ter os seus efeitos a médio e longo prazo”, atirou.
Novo rumo
De forma a tirar o clube do “ciclo vicioso que há duas décadas está a destruir o clube”, o líder diz ter as ferramentas para “fazer do Sporting crónico candidato”. “Não se vence à custa do grito. Quando se tem um rumo definido não se recua à primeira contrariedade. É preciso estabilidade”, rematou. *