À CAMPEÃO
DRAGÃO SUPERA AUSÊNCIAS E VAI DISPUTAR O CLÁSSICO NA LIDERANÇA
SÉRGIO CONCEIÇÃO “Há gente com muita vontade de jogar “ NOITADA DEIXA MILITÃO DE FORA “O importante não são os Militões nem os Conceições” diz o treinador
manta de retalhos afinal revelou-se um coletivo empenhado até ao limite que silenciou o alarme gerado pela maré de baixas com que o FC Porto enfrentou a missão em Tondela. Era crucial um triunfo que garantisse a pole position para a cimeira com o Benfica e a missão foi cumprida com brilhantismo. O plano tático funcionou, o conjunto de Pepa sentiu o desconforto do espartilho que tantas vezes utiliza para constranger os adversários e, nos instantes decisivos, a qualidade de peçaschave do conjunto portista desequilibrou a balança. Primeiro foi a experiência de Pepe, depois a raiva de Óliver Torres e, finalmente, a clarividência de Herrera. Assim ficou selado um sucesso inequívoco que deixou os beirões conformados com o seu destino. O dragão ganha fôlego para encarar de peito feito o crescimento eufórico de uma águia que, desta forma, fica sujeita à dupla pressão de ter de responder primeiro com um triunfo sobre o Chaves, depois com a obrigação de ganhar se pretender sair da Invicta à frente do seu rival. Entretanto, Sérgio Conceição suspirou de alívio e ganhou margem de manobra. Teve de encarar a armadilha tondelense sem Soares, Marega, Danilo e Brahimi, falando só das lesões e esquecendo Aboubakar, sendo ainda obrigado a lidar com o caso da noitada do excluído Éder Militão que rebentou no próprio dia do jogo. Manter o foco intacto pelo meio de tanto ruído foi talvez o maior mérito do FC Porto, que arrancou três pontos que valem o seu peso em ouro e consolidam a confiança para a sequência decisiva frente a Sp. Braga (Taça), Benfica (Liga) e Roma (Champions).
A lição mais dura
O FC Porto não pretende que a fuga noturna de Éder Militão se transforme numa fissura interna. Todavia, mais do que qualquer palavra que algum responsável pos- sa ter dito ao defesa que em breve vai ser oficializado como jogador do Real Madrid, a lição mas dura da noite foi-lhe dada por Pepe. O veterano, de 35 anos, muito provavelmente teria ficado no banco se Militão não tivesse decidido aventurar-se pela madrugada dentro. Um profissional dos quatro costados, o internacional português exala competitividade por todos os poros e não apenas estava pronto para avançar como, depois de um primeiro aviso que obrigou Cláudio Ramos a brilhar, apontou um golo que foi desde logo prenúncio de uma noite azul.
Isto porque o Tondela, embora
tendo histórico de exasperar o sistema nervoso dos portistas, consegue-o normalmente através da sua tenacidade defensiva, dado que só por uma ocasião logrou marcar em oito duelos, ainda que esse golo de Luís Alberto tenha valido um triunfo épico na Invicta.
Superioridade total
O plano B de Pepa era aguardado com alguma expectativa, dada a facilidade com que o FC Porto passeou a sua superioridade em campo na etapa inicial. Todavia, o extraordinário golo de Óliver Torres fez mais dano no moral das tropas de Tondela do que propriamente nas suas possibilidades práticas de reabrir o encontro. Para quem há algumas semanas andou a dizer pelas televisões que não sabia o que era isso de gerir um jogo que está resolvido, os dragões mostraram como se pode respeitar um adversário sem queimar energias que podem fazer falta já na próxima terça-feira, contra o Sp. Braga, na corrida ao Jamor. Herrera ampliou a vantagem e foi protegido de um cartão amarelo que o impedisse de defrontar o Benfica, tal como já havia ocorrido com Fernando Andrade. Para quem não ganhava há quatro jogos longe do Dragão, a autoridade demonstrada serve de aviso aos rivais. *