Record (Portugal)

É obra dos drogados, está-se mesmo a ver!

APENAS SILÊNCIO. E, SEM TER A VER COM O ASSUNTO, HOUVE A REGISTAR EM TODOS OS ESCAPARATE­S UM NÚMERO EXCESSIVO DE EXPLICAÇÕE­S JORNALÍSTI­CAS SOBRE A ARTE DO DOUTOR MILAGRE QUE PECARAM SIMPLESMEN­TE POR SEREM ISSO MESMO, EXCESSIVAS. E MAIS NADA

- Leonor Pinhão Jornalista

O Benfica talvez seja um clube especial porque não há nada que lhe faça tão bem nem que melhor o una do que atiraremlh­e com uma mão-cheia de insultos, na esperança de o verem soçobrar. E ainda não soçobrou. Porquê? Ou porque os seis pontos recuperado­s em poucas semanas ao líder lhe garantiram a paz de espírito para lidar com injúrias, transforma­ndo-as em vantagens, ou porque os seis pontos perdidos pelo líder para o seu perseguido­r serão responsáve­is pelo destrambel­hamento das empreitada­s de uma ofensiva apostada numa série de tiros nos pés para os quais, para já, não há Doutor Milagre que valha alguma coisa.

Por exemplo, as insinuaçõe­s debitadas sobre favores concedidos pelo Nacional ao Benfica logo resultaram em calorosos gestos de solidaried­ade com os madeirense­s, expressos por uma quantidade apreciável de gente de emblemas diferentes. Veio até a terreiro o Boavista, também acusado de fazer fretes ao Benfica, avisar que não está para dislates. Pior correu a insinuação –entregue a um voluntário –de que o Benfica recorreu a substância­s proibidas pela Autoridade Antidopage­m de Portugal para marcar muitos golos ao Boavista, ao Sporting, ao Nacio- nal, ao Desportivo das Aves e até, já agora, para construir em Istambul com base na sua miudagem um resultado que o colocou no caminho dos oitavos-de-final da Liga Europa.

O que aconteceu foi que aquele grito tão tipicament­e subur

bano, tão esganiçado e tão revisteiro – “isto só pode ser obra dos drogados, está-se mesmo a ver…” – virou-se contra os presu- míveis interesses por detrás da calúnia, talvez por não ter tido resposta o desafio logo proposto pelo Benfica no sentido de se realizarem testes em todos os jogos para se saber quem é que está mais drogado ou menos drogado ou nada drogado no campeonato português. Que silêncio. Apenas, e sem nada ter a ver com o assunto, houve a registar em todos os escaparate­s um número excessivo de explicaçõe­s jornalísti­cas sobre a arte do Doutor Milagre que pecaram por serem isso mesmo, excessivas. E mais nada.

Aterceira ofensiva foi uma

desgraça. Viu-se acusado o Benfica de comprar jogadores das equipas adversária­s do líder para lesionarem as estrelas do plantel campeão. Isto depois de Danilo ter contraído uma nova lesão no último jogo com o Vitória de Setúbal, depois de Marega se ter lesionado sozinho no jogo com o Vitória de Guimarães, depois de Brahimi se ter lesionado sozinho no jogo com a Roma, e muito depois de Aboubakar se ter lesionado sozinho ao cabecear uma bola no jogo com o Tondela. E pronto, agora vieram os de Setúbal ameaçar com os tribunais os seus ofensores, enquanto o jogador que disputou o último lance com Danilo clamou também pelo seu bom-nome. Chama-se Éber Bessa.

E assim se vão arranjando inimizades um pouco por todo o país. Parece mais obra para o Doutor Milagre do que obra dos drogados, ou não?

E ASSIM SE VÃO ARRANJANDO INIMIZADES UM POUCO POR TODO O PAÍS

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