Record (Portugal)

CHAARLES AGARRA O LEÃO NO CHÃO

Foi rente à relva que o brasileiro impediu os golos; foi deitado a pedir assistênci­a que enervou o Sporting, ainda mais na expulsão de Coates

- CRÓNICA DE DAVID NOVO

Bruno Fernandes. Este foi o nome mais falado antes do jogo. Um golo fazia dele o médio mais concretiza­dor da história do Sporting, destronand­o António Oliveira. O – ainda – dono da marca admitiu nas páginas de Record que seria uma questão de tempo até se consumar a passagem de testemunho. Na mesma edição, Vukovic, médio do Marítimo, deixou o aviso: “Bruno Fernandes é meia equipa do Sporting”.

Não foi meia equipa, mas apenas dois jogadores do Marítimo, Grolli e Pelágio, que ficaram para trás quando o camisola 8 pisou a bola para prepará-la para o remate de longe, à figura, que Charles defendeu. Este duelo repetiu-se na 2ª parte, quando o guarda-redes do Marítimo saiu da baliza para fazer a manchar e negar, mais uma vez, o golo a Bruno Fernandes. No final do jogo, o brasileiro considerou esta como a melhor das cinco defesas que fez em todo o jogo. Verdade seja dita, também podia ter escolhido aquela em que se atirou aos pés de Bas Dost, a melhor oportunida­de do Sporting na 1ª parte. Charles ainda defendeu um cabeceamen­to de Raphinha e viu, pregado ao chão, o livre direto de Bruno Fernandes a passar bem perto da baliza.

E no chão foi mesmo onde o brasileiro passou muito tempo. Seja nas tais defesas descritas acima, seja a pedir assistênci­a, nomeadamen­te no lance que provocou a expulsão de Coates. Momentos que fizeram o Sporting queixar-se de antijogo.

Pouca qualidade

De facto, não foi um grande jogo de futebol. Em quantidade, tantas foram as vezes que Tiago Martins apitou para parar o jogo – 18 faltas cometidas entre as duas equipas – e também qualidade. Sucessivos passes errados, más receções de bola e até escorregad­elas proporcion­aram episódios de um jogo que parecia tudo menos da 1ª Divisão. Como, por exemplo, quan- do dois jogadores do Marítimo tentaram proteger a saída da bola, chocaram um contra o outro e deixaram-na jogável para o adversário; ou quando Rúben Ferreira dominou a bola para o lado errado, perdeu a posse para Raphinha e ainda deu um livre perigoso para o Sporting, o tal que Bruno Fernandes quase transformo­u em golo.

O médio do Sporting esteve, como sempre, em jogo. Era notório que os colegas lhe queriam passar a bola, talvez para ajudá-lo a conseguir o golo que significav­a história pessoal, ou talvez apenas porque sabem que é o jogador

mais em forma neste leão de Marcel Keizer. O camisola 8, como habitualme­nte, nunca fugiu à responsabi­lidade. No meio, na esquerda ou na direita, Bruno Fernandes deu linhas de passe, correu, cruzou e rematou... Com mais perdas de bola e passes errados do que o habitual, algo perfeitame­nte perdoável ao jogador que mais tem ajudado o Sporting nos últimos jogos. A questão é que só um não chega para resolver. Raphinha ainda acompanhou o ritmo e ficará para sempre a dúvida do que teria sido se tivesse sido titular. O brasileiro entrou ao intervalo – quando Keizer transformo­u o 3x4x3 no 4x3x3 – e o futebol do Sporting melhorou substancia­lmente. Na teoria, a ideia era fazer o mesmo que Diaby; na prática, foi bem melhor. Essencialm­ente porque Raphinha conseguiu ser bem mais perigoso nos movimentos interiores com bola, porque soube quando baralhar o adversário e puxar para o pé direito; e, acima de tudo, porque ia marcando.

Este foi o quarto jogo da era Keizer em que o Sporting ficou em branco: V. Guimarães e FC Porto – para o campeonato – e Villarreal haviam travado o leão; ontem o Marítimo, muito graças a Charles, juntou-se ao lote. *

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