Record (Portugal)

A pressão de ser campeão

O MELHOR DO FUTEBOL SÃO AS ESTRATÉGIA­S DOS GENERAIS, A ARTE DOS INTÉRPRETE­S E A PAIXÃO DAS MASSAS ASSOCIATIV­AS, TUDO O RESTO É UMA COREOGRAFI­A QUE DEVIA SER ERRADICADA

- Rui Calafate Consultor de comunicaçã­o Texto escrito na antiga ortografia

Com Sp. Braga e Sporting a léguas, o clássico de amanhã pode decidir o título, pois no caso da vitória de um dos contendore­s será uma machadada moral forte no rival. Certo é que não é preciso ser vidente nem a melhor das sibilas para saber que as faixas vão para um dos vencedores das mesmas dos últimos 16 anos, algo preocupant­e e que revela que o futebol português precisa de leões de regresso ao seu melhor e de outros emblemas a morder os calcanhare­s a FC Porto e Benfica para haver uma competitiv­idade e atractivid­ade maiores para a nossa Liga. A Norte teremos um duelo apaixonant­e com as duas melhores equipas e treinadore­s do momento e em estados diferentes de forma.

Antes de entrar emcampo, volto a mencionar que o melhor do desporto-rei são as estratégia­s dos generais, a arte dos intérprete­s e a paixão das massas associativ­as, tudo o resto faz parte de uma coreografi­a que devia ser punida e erradicada. Confesso que considero no mínimo sinistras notícias oriundas de máquinas de comunicaçã­o, importantí­ssimas mas por vezes a criar um ruído que devia ser evitado, a propagarem suspeitas feias de que há atletas pagos para lesionar companheir­os de profissão ou uso de substância­s proibidas quando ainda há poucos dias, Rogério Jóia, presidente da ADOP, revelou que “o futebol está limpo”. Mas tudo isto são os enredos habituais que atolam o jogo do qual gostamos no domínio de declaraçõe­s polémicas e actores secundário­s.

Como disse bemSérgio Concei

ção: “O nosso doping são os adeptos.” Ora, neste momento o treinador do FC Porto está numa fase de recuperaçã­o, após titubear em alguns redutos, vítima de uma série de lesões que tiraram da equipa diversas peçaschave. Sérgio Conceição foi o bálsamo de atitude, crença e liderança que quebrou uma possível hegemonia encarnada na época transacta, mas precisa de voltar a ganhar o campeonato, até porque um novo título e uma boa carreira na Champions lhe dei- xam escancarad­as as portas que lhe permitirão outros merecidos voos, pois talento tem de sobra. E o regresso relâmpago de Marega e Danilo, o talento de Brahimi, a classe de Óliver, um Pepe imperial e a melhor contrataçã­o da época (Éder Militão) com acto de contrição após noitada são motivos de sobra para os dragões darem tudo, de dentes cerrados e alma de combate, à imagem do seu técnico.

Do outro lado, um Bruno Lage que herdou um autocarro pintado com as letras de Reconquist­a, porém, muito atrás dos portistas na altura. Para já reconquist­ou os adeptos, a boa comunicaçã­o e a qualidade de jogo que pareciam ter migrado da Luz no último consulado de Rui Vitória. Recuperou Samaris e Gabriel, deu asas a Seferovic e a um Pizzi de primeira água, e lançou jovens como João Félix, Ferro, Florentino e Jota e vê o Benfica no melhor momento da época, de confiança redobrada, que se deu ao luxo de dar um pontapé nas questões judiciais que assolaram Vieira. Ambos os clubes têm a pressão de ser campeão, no entanto, é dessa massa que se constroem as vitórias e os grandes clássicos para deleite de quem gosta do futebol dentro de campo.

PS: Sobre o Sporting conversare­mos na próxima semana. É preciso racionalid­ade, bom senso, dimensão, sem deixar de apoiar todas as equipas, pois há muito ainda para ganhar.

A NORTE DEFRONTAM-SE AS MELHORES EQUIPAS E OS TREINADORE­S DO MOMENTO

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