Record (Portugal)

Melhor do que nos anos 60

- VítorPinto

Luís Filipe Vieira lançou um vaticínio positivo para a deslocação ao Dragão comparando o momento do Benfica, e a união da equipa com os adeptos, aos tempos áureos dos anos 60. Todavia, o que Bruno Lage conseguiu, com o seu triunfo no clássico, foi garantir para a atual década um registo superior ao de há meio século, consumando um inusual segundo triunfo para as águias no reduto azul e branco depois do sucesso de Jorge Jesus contra Julen Lopetegui, em 2014. É que, contrariam­ente ao que pode parecer face a alguma mitologia urbana, o Benfica dos ‘sixties’ só triunfou por uma vez no Estádio das Antas, em fevereiro de 1963, com um golo de penálti de Eusébio a garantir a resposta, por 2-1, ao sucesso pelos mesmos números alcançado pelo FC Porto na Luz, na partida da 1.ª volta. Talvez o detalhe mais preocupant­e, para os dragões, seja o facto de o Benfica estar a perder o ‘medo cénico’ que tantas vezes tolheu os seus desempenho­s na Invicta. Ao sofrer apenas uma derrota nas últimas cinco deslocaçõe­s ao Dragão, os encarnados já acreditam que a fortaleza não é inexpugnáv­el. E isso sentiu-se na forma como metiam o pé em cada lance. Quiseram muito a liderança e, sobretudo, quiseram-na mais do que o FC Porto. As palavras de Sérgio Conceição sobre a falta de agressivid­ade atacante e os erros defensivos cometidos foram ensurdeced­oras.

Quando comentei na CM TV a escolha de Bruno Lage, antecipand­o a sua estreia contra o Rio Ave, comparei essa promoção à aposta do Man. United em Ole Gunnar Solskjaer. A sua ideia de jogo no Benfica B era extraordin­ária, mas a chave do sucesso residia na forma como se conectasse com um balneário mais exigente. “Os jogadores estão a fazer de mim treinador”, foi um desabafo que confirmou a química com o líder.

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