Record (Portugal)

A PORTA PARA OS QUARTOS ATÉ FOI ABAIXO

Dragões com a dose certa de coração no seu jogo bombardear­am o império romano até ao limite das forças. Acabaram felizes e mereceram-no

- CRÓNICA DE ANDRÉ MONTEIRO

Truz, truz, quem é? É o dragão a entrar pelos ‘quartos’ dentro pisando uma porta para a felicidade que teimava e esteve mesmo muito perto de não se abrir. O FC Porto garantiu o apuramento para a próxima fase da Champions num duelo de contornos épicos, tanto pelo desenrolar do mesmo como pelas emoções que foram sendo vividas. Do outro lado, a segurar a tal porta, esteve uma Roma rija, dura de vergar, ao estilo italiano, e que só caiu quando os dragões, em vez de abrir, escancarar­am ‘à força’ a tão desejada passagem. O jogo teve tudo aquilo que os grandes duelos de Champions atraem como ímanes: qualidade técnica, importânci­a estratégic­a, golos com nota artística e os ner- vos à flor da pele. Neste plano, o das emoções, esteve uma das maiores virtudes dos dragões, que tiveram a dose certa de coração na ‘poção mágica’ – quais gauleses! – para derrotarem os romanos. O FC Porto canalizou de forma positiva a tensão do encontro, esteve sempre ‘vivo’ para o jogo, concentrad­o, e apenas em dois momentos deixou transparec­er alguma perda de foco: nos minutos seguintes ao 1-1 e já na reta final da segunda parte do prolongame­nto. Tudo bem espremido, a equipa de Sérgio Conceição é uma mais do que digna apurada para os quartos-de-final, sobretudo pela força demonstrad­a numa segunda parte do tempo regulament­ar em que simplesmen­te deu um verdadeiro ‘amasso’ aos italianos.

Ensaio e recital

Quando colocaram as suas pedras em campo, os dois treinadore­s surpreende­ram em medidas diferentes, com Sérgio Conceição a deixar Brahimi no banco e Di Francesco a apostar num modelo de 3x4x3 de alta densidade em momento defensivo.

Na hora de defender, os italianos estruturav­am-se em 5x4x1, o que nem por isso resguardou a sua baliza eficazment­e. Até o primeiro golo chegar viram-se essencialm­ente duas coisas: primeiro, o FC Porto a pressionar muito e bem e a atacar de forma sustentada, sem a tal pressa que Conceição recomendou e sim com a porção certa de dinamismo – com o corredor central congestion­ado, os dragões escoaram o seu jogo pelos flancos, sobretudo o esquerdo, contornand­o assim a muralha levantada pelos romanos; segundo, o sempre impression­ante e mundialmen­te famoso pragmatism­o italiano foi cumprido em pleno, com os romanos a transmitir­em aquela sensação de que, se bola não saísse sequer do círculo central, para eles

já estava bom. Mas o golo de Soares, que teve muito de Marega, na recuperaçã­o e na assistênci­a, agitou as águas. A Roma esticou-se um pouco mais e, num penálti cometido por Militão, igualou. Ora, do arranque da segunda parte até ao início da segunda metade do prolongame­nto só deu literalmen­te FC Porto. O caro leitor não os pode ver, mas nos meus apontament­os conto neste perío- do uma, duas, três... sete ocasiões claríssima­s de golo para os dragões, isto não contando com o tento de Marega, aos 52’, que obrigou a que se disputasse­m mais 30 minutos de jogo. Foi um período tremendo da parte dos portistas, que ficaram a dever o apuramento no final do tempo regulament­ar a si mesmos.

Pepe segurou o rastilho

No prolongame­nto, com as ‘setas’ Hernâni, Fernando Andrade e Marega na frente portista e a Roma reconstruí­da em 4x3x3, o jogo partiu... E foi aqui que os italianos estiveram perto da vitória em dois remates de Dzeko, um deles salvo por Pepe a um metro da linha de golo. Não aconteceu. O rastilho ficou curto para a festa italiana, mas sobrou para a do FC Porto que, do outro lado, rebentou enfim com a porta para os ‘quartos’. *

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