A força das bolas paradas
Ante um FC Porto que repetiu o onze que suplantou a Roma, asseverando o respeito de Sérgio Conceição por um opositor que está afundado em zona de descida, o Feirense realizou uma entrada surpreendente em jogo. Capaz de combinar uma pressão alta, que condicionava a primeira fase de construção portista, com o baixar compacto de linhas, reorganizando-se num bloco médio-baixo, assim que o rival ultrapassava essa primeira barreira. O Feirense se colocou-se em van-
APÓS O GOLO E A DEFESA DE CASILLAS, FC PORTO TORNOU-SE MUITO MAIS AGRESSIVO
tagem, beneficiando de uma conexão entre Babanco e Edson Farias, sagaz a aproveitar o posicionamento demasiado interior de Alex Telles e o desleixo de Corona, que não realizou o acompanhamento do lateral rival [3], e podia ter chegado ao 2-0, quando, ao minuto 10, Casillas travou um remate cruzado de Sturgeon, após excelente abertura de Tiago Silva. Foi esse o momento que ditou o acordar tardio do FC Porto. Os dragões dispararam os seus índices de agressividade, tornando-se mais pressionantes e reativos à perda e fomentaram a velocidade e a mobilidade das suas unidades nas ações com bola. Contudo, foram dois lances de bola parada que desenharam a reviravolta. Primeiro, foi Danilo, na sequência de um canto da esquerda, a aproveitar a excessiva passividade da defesa zonal do Feirense. Depois, foi Pepe, após insistência de Alex Telles na sequência de um canto da direita, a aproveitar uma veemente superioridade numérica em zona de finalização [2]. Em vantagem, o FC Porto instalou-se com bola no meio-campo rival, assumindo, em diversas situações, uma construção a três, com Herrera a surgir entre Felipe e Pepe. O que permitiu o adensar das ligações pelo corredor central, até aí quase inexistentes, por mérito também dos fogaceiros, fruto do posicionamento mais interior de Otávio e Corona [1], acompanhado pelo subir de linha de Danilo [1], agressivo no condicionamento da saída de bola pelos médios-centro adversários, e a maior voracidade de Marega a buscar movimentos do corredor central para o corredor direito [1], criando problemas que Militão. Apesar de estarem sempre mais perto do 1-3, os portistas perderam pungência ofensiva, procurando gerir o desgaste competitivo com o adormecimento do jogo com bola, mas foram colocados em sobressaltos defensivos por uma segunda bola de Briseño nos instantes finais.