Record (Portugal)

A crónica do bom malandro

-

AS CURVAS E CONTRACURV­AS DA CARREIRA TERGIVERSA­NTE DE DYEGO SOUSA, O AVANÇADO QUE EM BRAGA AMADURECEU E ADQUIRIU NOVOS ESTÍMULOS, CRUCIAIS PARA CONCRETIZA­R O SONHO DE REPRESENTA­R A SELEÇÃO NACIONAL E ALMEJAR, AOS 29 ANOS, UMA TRANSFERÊN­CIA MILIONÁRIA

Foi nas ruas de São Luís de Maranhão, sempre com uma bola nos pés, que adolesceu o novo avançado da Seleção Nacional. O princípio da história de Dyego Wilverson – tão brasileiro – Ferreira Sousa – lusitaníss­imo –, aquele que poderá transforma­r-se no sétimo naturaliza­do a envergar as quinas ao peito, rabiscou-se entre o futsal e o futebol. O relvado ganhou ao pavilhão, mas o trajeto foi íngreme.

Atransferê­ncia precoce para o Palmeiras, clube que o descobriu no Moto Clube, onde o petiz defesa-central se transforma­ra em ponta-de-lança, apartou-o da família e redundou numa dolorosa dispensa. Seguiu-se o regresso a casa e o escancarar das portas do futebol português. Era, então, um jovem robusto que procurava vingar nos juniores do Nacional.

Correspond­eu dentro do campo, mas a imagem de malandro, com um feitio peculiar e baixo índice de trabalho, resultou em nova dispensa na travessia para o futebol sénior. Prometeu voltar à Ilha mágica que viu nascer o seu novo companheir­o de ataque na Seleção: Cristiano Ronaldo, ‘o homem’ com quem sonha fazer dupla, que naquela época longínqua de 2007/08 caminhava para a primeira Bola de Ouro da sua carreira, depois de vencer a primeira de cinco Champions.

Enquanto isso, o sonho de Dyego esmorecia entre os quase anónimos Moto Clube, Andraus e Operário Ferroviári­o. Até que Inácio, no verão de 2010, lhe concedeu a oportunida­de de representa­r o Leixões. Prometeu muito, mas as lesões ditaram uma época irregular. Em fim de contrato, rumou a Angola, mas uma história rocamboles­ca, encabeçada pela ausência do certificad­o internacio­nal, condenou-o a mais de um ano de inatividad­e. O futebol português afiançou-lhe o renascimen­to. Entre golos e um temperamen­to efervescen­te, Dyego galgou degraus. Primeiro, com Vítor Paneira, no Tondela. Depois, com Lázaro e José Augusto, no Portimonen­se. Até que o Marítimo lhe permitiu chegar ao escalão maior. Eis Dyego de regresso à Ilha, tal como prometera no término da primavera de 2008. Um avançado mais completo e com um apetite cada vez mais voraz pela baliza rival. Só que com uma tendência aguda para se lesionar e com a irascibili­dade a ficar muito perto de lhe destruir o trajeto ascensiona­l, após uma agressão a um árbitro-assistente num jogo particular. E m Braga, finalment e, p e rc e b e u o s ignific ad o d a p alavra mat u rid ad e . As s im, o ro - b u s t e cer da dimensão psicológic­a/mental garantiu a detonação das dimensões técnica, tática e física, atingindo patamares exibiciona­is e goleadores que nunca abichara. Para lá do finalizado­r exímio no jogo aéreo, um avançado móvel, potente e pungente no ataque à profundida­de, cada vez mais perspicaz na forma como temporiza e procura os colegas, de forma a estabelece­r a conexão mais eficaz. Um coquetel poderoso que poderá render um acasalamen­to feliz com Ronaldo.

ENTRE GOLOS E UM TEMPERAMEN­TO EFERVESCEN­TE, DYEGO SOUSA GALGOU DEGRAUS

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal