“Dinheiro é para passivos e dívidas a fornecedores”
FRANCISCO SALGADO ZENHA JUSTIFICA FINANCIAMENTO Vice-presidente assume que há responsabilidades no valor de metade do custo do plantel
Francisco Salgado Zenha, vice-presidente da SAD para a área financeira, abordou pela primeira vez o empréstimo de 65 milhões de euros, oficializado anteontem, e justificou o financiamento com as necessidades de tesouraria. “O uso deste dinheiro é para reduzir outros passivos. Em dívidas a fornecedores, a vencer este ano, estamos a pagar metade do custo do plantel, o que é muito exigente. Era como construirmos o plantel do zero e pagarmos metade. Por isso, temos de fazer operações para cobrir essas responsabilidades”, explicou Salgado Zenha à Sporting TV, sem revelar o nome do parceiro de negócio, que será o fundo norte-americano Apollo, ou a taxa de juro associada. O vice-presidente da SAD negou a existência de um buraco financeiro, mas explica que neste momento, a SAD dos verdes e brancos não tem capacidade para gerar receita. “O que estava nas contas correspondia à realidade e foi confirmado pelo auditor. O que não significa que não houvesse dificuldade de tesouraria e também que não haja sustentabilidade financeira a longo prazo. Somos uma marca forte, temos receitas e ativos interessantes, mas havia dificuldades de tesouraria”, analisou o dirigente dos leões.
“Confortável com o acordo”
Francisco Salgado Zenha explicou ainda os contornos do acordo. “Não é mais do que uma uma operação de financiamento com uma garantia de cedência das receitas do contrato de direitos televisivos, para pagar uma dívida. Os 65 M€ negociados representam dois anos do contrato com a NOS, sendo que uma parte desse contrato já estava antecipado em outros dois anos. O Sporting está completamente alinhado com Miguel Almeida (presidente executivo da NOS] e eu estou confortável com o acordo”, resumiu o ‘vice’ dos leões. O dirigente falou ainda num processo “bastante competitivo”, com os “maiores investidores do Mundo”, confirmando que este tipo de operação pode ser uma clara alternativa aos empréstimos obrigacionistas. “Temos vindo a cumprir bastante bem os pontos a que nos comprometemos, um deles a entrada nos mercados internacionais. A nível nacional, a relação com os bancos deteriorou-se, não interessa agora porquê. Neste momento, é normal que haja maior interesse de parceiros internacionais com Portugal e relativamente a este sector de ativida- de em concreto. Não temos previsto fazer um novo empréstimo obrigacionista”, vincou Francisco Salgado Zenha. * O vice-presidente do Sporting entende que é possível reduzir a massa salarial do plantel, como já aconteceu em janeiro, e manter a competitividade. “A venda de jogadores é normal em Portugal e uma forma de receita tradicional, mas temos de ser inteligentes na forma de o fazer. Não podemos ser obrigados a vender um jogador no dia seguinte, tem de ser no momento adequado. O objetivo é reduzir a massa salarial, como fizemos em janeiro em cerca de 10 milhões. Mas reduzir sem tocar nos principais jogadores, mantendo qualidade competitiva. Agora, se caírem propostas irrecusáveis, teremos de analisar”, explicou Salgado Zenha.
“O QUE ESTAVA NAS CONTAS CORRESPONDIA À REALIDADE, O QUE NÃO SIGNIFICA QUE NÃO HOUVESSE DIFICULDADES”