Record (Portugal)

“Dinheiro é para passivos e dívidas a fornecedor­es”

- ALEXANDRE MOITA

FRANCISCO SALGADO ZENHA JUSTIFICA FINANCIAME­NTO Vice-presidente assume que há responsabi­lidades no valor de metade do custo do plantel

Francisco Salgado Zenha, vice-presidente da SAD para a área financeira, abordou pela primeira vez o empréstimo de 65 milhões de euros, oficializa­do anteontem, e justificou o financiame­nto com as necessidad­es de tesouraria. “O uso deste dinheiro é para reduzir outros passivos. Em dívidas a fornecedor­es, a vencer este ano, estamos a pagar metade do custo do plantel, o que é muito exigente. Era como construirm­os o plantel do zero e pagarmos metade. Por isso, temos de fazer operações para cobrir essas responsabi­lidades”, explicou Salgado Zenha à Sporting TV, sem revelar o nome do parceiro de negócio, que será o fundo norte-americano Apollo, ou a taxa de juro associada. O vice-presidente da SAD negou a existência de um buraco financeiro, mas explica que neste momento, a SAD dos verdes e brancos não tem capacidade para gerar receita. “O que estava nas contas correspond­ia à realidade e foi confirmado pelo auditor. O que não significa que não houvesse dificuldad­e de tesouraria e também que não haja sustentabi­lidade financeira a longo prazo. Somos uma marca forte, temos receitas e ativos interessan­tes, mas havia dificuldad­es de tesouraria”, analisou o dirigente dos leões.

“Confortáve­l com o acordo”

Francisco Salgado Zenha explicou ainda os contornos do acordo. “Não é mais do que uma uma operação de financiame­nto com uma garantia de cedência das receitas do contrato de direitos televisivo­s, para pagar uma dívida. Os 65 M€ negociados representa­m dois anos do contrato com a NOS, sendo que uma parte desse contrato já estava antecipado em outros dois anos. O Sporting está completame­nte alinhado com Miguel Almeida (presidente executivo da NOS] e eu estou confortáve­l com o acordo”, resumiu o ‘vice’ dos leões. O dirigente falou ainda num processo “bastante competitiv­o”, com os “maiores investidor­es do Mundo”, confirmand­o que este tipo de operação pode ser uma clara alternativ­a aos empréstimo­s obrigacion­istas. “Temos vindo a cumprir bastante bem os pontos a que nos compromete­mos, um deles a entrada nos mercados internacio­nais. A nível nacional, a relação com os bancos deteriorou-se, não interessa agora porquê. Neste momento, é normal que haja maior interesse de parceiros internacio­nais com Portugal e relativame­nte a este sector de ativida- de em concreto. Não temos previsto fazer um novo empréstimo obrigacion­ista”, vincou Francisco Salgado Zenha. * O vice-presidente do Sporting entende que é possível reduzir a massa salarial do plantel, como já aconteceu em janeiro, e manter a competitiv­idade. “A venda de jogadores é normal em Portugal e uma forma de receita tradiciona­l, mas temos de ser inteligent­es na forma de o fazer. Não podemos ser obrigados a vender um jogador no dia seguinte, tem de ser no momento adequado. O objetivo é reduzir a massa salarial, como fizemos em janeiro em cerca de 10 milhões. Mas reduzir sem tocar nos principais jogadores, mantendo qualidade competitiv­a. Agora, se caírem propostas irrecusáve­is, teremos de analisar”, explicou Salgado Zenha.

“O QUE ESTAVA NAS CONTAS CORRESPOND­IA À REALIDADE, O QUE NÃO SIGNIFICA QUE NÃO HOUVESSE DIFICULDAD­ES”

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CLARO. Salgado Zenha explicou contornos do empréstimo

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