A redução sem sentido
É importante refletir sobre o futebol português e procurar soluções criativas para melhorar a competição. Por isso mesmo, dispensa-se, de estruturas que alardeiam modernidade, a tentação pelo recurso às fórmulas gastas do passado. A 1.ª Liga tem a dimensão ideal neste modelo de 18 clubes e, agora que estão em vigor os novos contratos televisivos que injetam 200 milhões de euros anuais nos clubes, não resiste a qualquer debate a ideia peregrina de retirar quatro jornadas à prova, abdicando de dois clubes e de um total de 66 jogos. Nem se entende como a Altice e a NOS, que fizeram chover dinheiro sobre o futebol nacional, aceitarão a mudança das regras mantendo os atuais pagamentos astronómicos. Isto quando só os três grandes já anteciparam quase 300 milhões de euros sobre o bolo global dos contratos televisivos. Por último, quanto à competitividade internacional, Portugal tem dois clubes nos quartos-de-final das provas da UEFA e já ameaça o 6.º lugar porque divide os seus pontos por cinco clubes, enquanto a Rússia o faz por seis. Aposto com qualquer doutor da FPF ou da Liga que na próxima época essa ultrapassagem será consumada, mesmo sem reduções que não fazem sentido. E fretes aos poderosos não vão acabar com o estado de guerrilha sem tréguas.
O próprio FC Porto reforçou, através da sua newsletter diária, o mito urbano criado em 1994 sobre o facto de ter sido Valentim Loureiro a pagar a verba que encerrou a polémica penhora da retrete do Estádio das Antas em 1994, nos tempos de Eduardo Catroga como ministro das Finanças. A verdade é que foi o FC Porto quem disponibilizou o dinheiro através de um financiamento contraído no antigo Crédito Predial Português. E isso quem está no clube sabe perfeitamente.