Record (Portugal)

“LUISÃO FAZ MUITA FALTA NO BALNEÁRIO”

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No decorrer da temporada, Luisão decidiu arrumar as chuteiras. Isso teve reflexo na equipa? BV - Foi complicado [pausa]. Tenho 24 anos e lembro-me, desde que vim para o Benfica, com 11 anos, de o ver sempre ali. Todas as épocas, ali estava ele. É uma marca do Benfica. Sabíamos que, mais ano menos ano, teria de se retirar. O que mais senti foi a perda de um líder. Era um líder que qualquer equipa gostava de ter.

Mas Jardel, André Almeida ou os outros que se seguem, não cumprem esse papel?

BV - Ao dizer isso, não digo que o Jardel, o Almeida ou o Samaris não o façam bem. Mas o Luisão era um líder autêntico por tudo o que representa­va. A forma como liderava era particular. O Benfica agora

“POLÉMICAS COM CASOS DE JUSTIÇA? NEM 0,5 POR CENTO PASSAVA PARA O BALNEÁRIO. NÃO ERA NADA CONNOSCO”

tem um conjunto de líderes, depois de nos últimos anos ter apenas só uma liderança. Essa tem sido a principal diferença. É um jogador que faz muita falta no balneário. É estranho não o ver lá.

Entende as razões pelas quais decidiu sair naquela altura?

BV - Ele terá razões para o ter feito. Dava-me bem com ele, mas ele já tinha comentado que estava a pensar em parar. E ele tem as suas razões...

Já na última, assim como na presente temporada, o Benfica tem sido associado a várias questões na Justiça. Todas estas polémicas chegam ao balneário?

BV - Nem 0,5 por cento passava. O Benfica é uma instituiçã­o muito grande e tem as pessoas corretas a tratar dessas coisas. Isso passavanos ao lado. Nós não podíamos fazer nada. Independen­temente do que viesse a acontecer, não podíamos fazer nada. Só nos podíamos preocupar com o que poderíamos controlar. Havia pessoas dedicadas a isso. Não era nada connosco. O plantel do Benfica era unido? É que por vezes há vários grupos dentro do plantel: os portuguese­s, os hispânicos, os balcânicos... BV - Não havia grupinhos, mas como é óbvio há pessoas com quem nos damos melhor. Mas isso é normal. A boa ligação entre todos era real. Quaisquer que fossem as nacionalid­ades. Mas chegávamos ao pequeno-almoço e juntávamo-nos com os portuguese­s, depois há o canto dos hispânicos, mas no geral dávamo-nos muito bem. Por exemplo, estava ao lado do Ebuehi no balneário e falava muito com ele para ajudar a integrá-lo. E ali é assim. Não há uma divisão, há uma grande preocupaçã­o em tentar adaptar e comunicar com todos os jogadores, no- meadamente por parte dos mais velhos.

E como vê esta aposta na formação iniciada por Rui Vitória e que ganhou novamente expressão com a chegada de Lage?

BV - Agora é fácil falar, não é? Eu sempre acreditei, pois o Benfica tem feito muito isso. Tem feito um grande trabalho a preparar jovens para lançá-los na equipa principal sem qualquer problema.

O Bruno Varela é produto da formação, mas isto nem sempre aconteceu, nomeadamen­te com os da geração próxima da sua. BV - O Benfica tem aproveitad­o e crescido muito com isto. Na minha geração, acho que fui o único a jogar com regularida­de na equipa principal. Os meus colegas de 1994 não tiveram reais oportunida­des. Os que vieram depois começaram a ter mais, mas depois acabaram por chegar grandes propostas e é difícil segurá-los. O Benfica faz dinheiro, mas o jogador dá também um passo importante na sua carreira e na sua vida pessoal. O Benfica tem demonstrad­o estar muito forte neste capítulo. Tem-se apresentad­o em alguns jogos com oito portuguese­s e muitos da formação e isso é a melhor expressão do sucesso. Veja-se o jogo do Galatasara­y, só por exemplo. *

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