O pelourinho do futebol
Para quem não se recorda, os pelourinhos eram colunas de pedra, colocadas em lugares públicos centrais, onde se castigavam os criminosos há alguns séculos.
Nove séculos depois, os pelourinhos do futebol são outros. Não são feitos de pedra, mas sim de vídeo e áudio. As gravações áudio que temos ouvido de telefonemas entre empresários e presidente (Vieira para variar) e os vídeos a que todos assistimos durante esta semana entre dois empresários/dirigentes (que infelizmente passámos a conhecer), transformam as plataformas como o YouTube ou outras redes sociais, nos mais modernos pelourinhos da sociedade.
O futebol está assim. Bastará gravar uma conversa em áudio ou vídeo, extrair uma confissão de alguém ou criar uma conversa como engodo para que a mesma seja difundida, expondo deste modo os criminosos na praça pública. Se antes alguns dos povos apedrejavam os infratores amarrados nos pelourinhos, hoje simplesmente fazem os comentários aos vídeos colocados na Internet ou os ‘likes’ necessários para que estes se tornem um grande aplauso da humilhação humana. As redes sociais são hoje autênticas vias verdes no julgamento dos mesmos. A sociedade de hoje não está habituada a esperar. A Justiça é tão lenta, tão lenta que é logo à partida injusta pelos anos que demora a decidir.
Veja-se bem o caso de uma hi- potética descida de divisão do Benfica, baseada nos diversos emails que todos lemos ou nos jogos à porta fechada pelo alegado apoio às claques feito pelo clube da Luz. Quanto tempo demorará até haver uma decisão definitiva? O pensamento popular é simples, se a Justiça não atua na hora, o ser humano resolve num julgamento sumário. Em minutos ou dias, destrói qualquer pessoa que seja apanhada/gravada numa qualquer rede social cujas audiências superam os shares da
OS TRIBUNAIS DO FUTEBOL SÃO AS REDES SOCIAIS E SUBSTITUEM O PODER JUDICIAL
casa da Cristina.
O grave de tudo isto é que estas práticas começam a fazer escola, educam uma sociedade a substituir o poder judicial. Os tribunais do futebol são hoje as redes sociais. Não proferem sentenças, mas colocam o ‘apanhado’ no banco dos réus sem direito a defesa. A imagem e o áudio são como o algodão, não enganam! O ‘banco dos réus’ continua a colocar Vieira e os seus próximos a julgamento popular. Esta semana foi mais uma entre tantas.
Ou a Justiça começa a ser célere nas suas conclusões e condenações, ou, caso contrário, os ‘juízes’ quando derem a conhecer a sua sentença, já o réu foi condenado por um País inteiro.